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Carta Leite - Alta do preço dos lácteos e o reflexo no consumo interno

por Rafael Ribeiro
Quarta-feira, 14 de agosto de 2013 -17h15

O mercado está em alta desde outubro do ano passado. De lá para cá, o preço ao produtor, considerando a média brasileira, subiu 19,3%, segundo levantamento da Scot Consultoria (figura 1).



O produtor está recebendo 19,2% mais por litro de leite, na comparação com o mesmo período do ano passado.


A concorrência entre os laticínios está ditando o ritmo do mercado.


Neste caso, pesam, tanto os fatores pontuais (entressafra), como também o menor investimento do produtor em 2012, devido às margens mais apertadas, que resultou em queda da produção no final do ano passado e primeiro trimestre deste ano.


A demanda firme na ponta final da cadeia também dá sustentação às cotações.


LÁCTEOS NO ATACADO E VAREJO


O aumento do preço da matéria prima (leite) e a demanda firme nos supermercados refletiram em alta dos preços dos produtos lácteos no atacado e no varejo.


No atacado, segundo pesquisa da Scot Consultoria, os preços do leite longa vida, do leite em pó e do queijo muçarela subiram 34,3%, 34,6% e 14,2%, respectivamente, desde o começo do ano.


No varejo em São Paulo, para os mesmo produtos, as altas verificadas foram, respectivamente, de 19,4%, 21,9% e 22,4% neste período.


Em 2013, o varejo reduziu a margem de comercialização em relação ao atacado para não afetar o consumo na ponta final da cadeia.


No caso do leite longa vida, a margem (varejo versus atacado) na segunda quinzena de julho foi de 14,0%, frente a 27,6% de margem no mesmo período de 2012.


IPCA DOS LÁCTEOS


De janeiro a julho de 2013 o IPCA geral (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 3,2%.


Neste mesmo período, a alta do IPCA que considera somente o leite e derivados foi de 15,1%. Esta diferença nos dá uma ideia do aumento dos preços dos lácteos neste ano (figura 2).



Em julho, o IPCA dos lácteos foi de 2,9%, enquanto que o IPCA geral foi de 0,03%. Em maio o IPCA dos lácteos atingiu a maior alta no ano, 3,2%, frente à inflação de 0,4%.


Considerando os patamares históricos, a alta de preços poderá abalar o consumo de leite e de seus derivados, causar migração para produtos alternativos ou ainda aumento das importações.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Para os produtos lácteos, a expectativa é de que o movimento de alta perca força com a retomada da produção e, consequentemente, menor pressão sobre os preços do leite ao produtor e lácteos nos laticínios.


A recuperação da produção de leite deverá diminuir a pressão do lado da oferta.


O pico de preço ao produtor em 2013 está previsto para o pagamento a ser realizado este mês, agosto.


Colaborou Paola Jurca, pesquisadora da Scot Consultoria.