Carta Insumos - Exportação eleva preço do farelo de soja no final do ano

Os mercados do farelo de soja e da soja grão, historicamente, caminham juntos.

A correlação entre os preços médios mensais entre março de 2007 e dezembro de 2013 é alta, de 0,928. 

Por definição, quanto mais próxima de 1 for a correlação entre duas grandezas, maior a relação entre elas. Correlações igual 1 indicam variações iguais, no mesmo sentido e na mesma proporção.

Porém, concentrando esta análise em 2013 e observando os dois mercados em cada trimestre, nota-se que por um período do ano, o comportamento fugiu à regra. 

Se nos três primeiros trimestres não houve nenhuma surpresa (figura 2), entre outubro e dezembro a correlação ficou negativa, foi de -0,49. O valor menor que zero indica variações em sentidos opostos entre os preços da soja grão e do farelo. 

O farelo de soja subiu entre outubro e dezembro 11,22%.

Já a soja grão, depois de uma apreciação de 0,8% nos preços entre novembro e outubro, caiu os mesmos 0,8% em dezembro. Figura 3.

A exportação foi a principal responsável pela elevação da cotação do farelo neste final de ano.

Os confinamentos de bovinos e as integrações de aves e suínos, normalmente, já fecharam a maior parte dos contratos de compra de insumo nesta época. 

Como o volume exportado e o comercializado no mercado interno são praticamente os mesmos, daí a força da exportação para mexer com os preços. 

Em 2012, por exemplo, foram embarcadas 13,8 milhões de toneladas e 14,0 milhões foram consumidas internamente. 

Em 2013

Embora entre janeiro e março, tenha ocorrido uma queda de 38,6% no volume embarcado de farelo em relação ao mesmo período de 2012, aconteceu uma reação importante em setembro. Naquele mês, houve um crescimento de 23,7% nas exportações, na comparação anual. 

Em novembro, novo aumento, desta vez de 30,4%, chegando ao maior número já registrado para este mês, 1,26 milhão de toneladas.

Por fim, até a segunda semana dezembro, a média diária exportada, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foi de 59,4 mil toneladas, valor 44,3% maior que o dezembro de 2012.

Mantido este ritmo, a projeção é de que o mês termine com 1,24 milhão de toneladas embarcadas, crescimento de 51,5% em um ano. Mais um recorde.

Final

Os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), demonstra que até outubro foram processados 24,7 milhões de toneladas de soja contra 31,7 em 2012, no mesmo período.

Ou seja, há menos farelo em 2013, o que fez com que a aceleração das exportações resultasse nessa estilingada em relação ao mercado do grão.

Para 2014 a ABIOVE projeta um crescimento de 4,0% na produção de farelo, chegando aos 28,0 milhões de toneladas.