Na busca por hábitos alimentares saudáveis, consumidores norte-americanos dizem ter comido menos carne bovina e suína em 2013, segundo pesquisa da Mintel.
A Mintel é uma empresa norte-americana que atua com pesquisas e análise de dados.
Na pesquisa, 90,0% dos consumidores relataram comer algum tipo de carne bovina pelo menos uma vez por mês.
Porém, 39,0% desses consumidores disseram que comeram menos carne bovina em 2013, na comparação com 2012. Além disso, dos consumidores de carne suína, 25,0% alegaram ter se alimentado menos desta carne em 2013, frente a 2012.
Segundo o USDA, o consumo interno de carne bovina norte-americano diminuiu de 2012 para 2013. Nesse último ano, os EUA consumiram 11,64 milhões de toneladas equivalente de carcaça (t.e.c), frente as 11,74 milhões de t.e.c consumidas em 2012.
Em contrapartida, no Brasil, o consumo per capita de carne bovina (figura 1) foi de 47,04 quilos em 2013, crescimento de 8,3% frente a 2012, cujo consumo foi de 43,45 quilos.
Apenas 10,0% e 13,0% dos consumidores alegaram estar comendo mais carne bovina e suína, respectivamente.
"As tendências de adoção de comportamentos saudáveis que motivam os consumidores a reduzir a ingestão de gordura e colesterol são de longe os fatores dominantes que afetam o mercado de carne bovina", disse Patty Jonhson, analista global de alimentos da Mintel. "Dos que estão diminuindo o consumo, a opção é por um produto de qualidade superior".
Dos norte-americanos pesquisados, 16,0% disseram estar consumindo menos carne bovina, porém, quando consomem, optam por carne de mais qualidade.
O mercado de carne de qualidade no Brasil está ganhando forma. É fato que a pecuária brasileira não deixará de ser produtora de commodity, porém a produção de carne de qualidade é um importante nicho de mercado, possibilitando às empresas que se dedicam a isso a comercialização de carne com alto valor agregado.
O aumento do preço também tem desempenhado papel fundamental nas decisões de cortar o consumo de carne. Mais da metade dos consumidores disseram ter notado que os preços da carne bovina aumentaram nos últimos 12 meses e 36,0% dizem que é muito caro comprar carne rotineiramente.
Uma análise rápida da cultura dos EUA permite dizer que a dieta dos norte-americanos é baseada em alimentos processados com alto teor de gordura. Não é a toa que lá as refeições mais famosas são o hot dog e o sanduíche. Pode-se então supor que a diminuição da alimentação com carne bovina e suína deve-se muito mais ao aumento do custo desses produtos do que realmente foi mencionado na pesquisa.
"O consumo de carne bovina deve enfrentar um futuro difícil, já que ambas as tendências de saúde e de preço estão trabalhando para desencorajar a demanda dos consumidores por esses produtos. A indústria também tem feito pouco para inovar desde a recessão." Disse Johnson.
O Brasil passa por caminho inverso. Aqui as indústrias deram início a grandes campanhas publicitárias. Recentemente, a JBS, uma das maiores do mundo, veiculou uma campanha pioneira de posicionamento de marca nas grandes mídias do país. O resultado foi positivo para a cadeia, que passou a reconhecer a marca de carne nas gôndolas e abriu o olho do consumidor para questões sanitárias, como abates clandestinos e rastreabilidade. Outro caso de sucesso foi a criação, pela Minerva Foods, de uma nova linha de produtos, voltadas para o dia-a-dia e com foco nas donas de casa e a falta de tempo em preparar as suas refeições. O uso de novos veículos de mídias, como o youtube, por exemplo, como divulgação desta nova linha da Minerva mostra que em terras brasileiras o setor não está parado.
Fonte: Meating Place. 28 de janeiro de 2014.
Traduzido, adaptado e comentado (em azul) por Francisco Woolf, engenheiro agrônomo e consultor da Scot Consultoria.