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Carne halal: produção e importância nas exportações

por Antonio Guimarães de Oliveira
Quinta-feira, 6 de março de 2014 -17h17

A palavra "halal" significa lícito, o mesmo que permitido, autorizado. Alimentos designados "halal" são aqueles cujo consumo é permitido no Islã porque estão de acordo com as regras contidas no Alcorão. 


Halal não se restringe apenas à alimentação, é a base de tudo que é lícito na cultura mulçumana, seja na política, na conduta, nas vestimentas e até mesmo nas finanças.


Neste contexto, a certificação de alimentos Halal foi criada para possibilitar a exportação e o consumo de produtos provenientes de países não mulçumanos para a comunidade Islã.


Quando se trata de carne bovina, é necessária uma série de certificados e procedimentos para que o produto seja denominado Halal.


Entre os certificados exigidos para a produção de carne Halal destaca-se o Certificado de Abate Halal, emitido pelos centros islâmicos Cibalhalal e CDIAL halal, para as indústrias de carnes e derivados com o fim de assegurar que o abate atenda às exigências da religião islâmica.


A característica marcante da carne halal é o abate, feito a partir da degola do animal, maneira considerada pelos mulçumanos como mais rápida e indolor para sua morte.   


A operação é realizada por um único corte que deve atingir a traquéia, o esôfago, artérias e a veia jugular, para que todo o sangue do animal seja escoado e morra sem sofrimento.


A obtenção do Certificado de Abate Halal


Para se obter a certificação, o abate "Halal" é executado separadamente do não "Halal", cumprindo as condições da tabela 1. 



Após todos esses procedimentos os produtos são rotulados e nesse rótulo deve conter o nome do produto, número do SIF, nome e endereço do fabricante, do importador e do distribuidor, marca da fábrica, ingredientes, código numérico identificador de data, carimbo ou etiqueta para identificação Halal e país de origem.


No caso de produtos cárneos, também devem constar a data do abate, da fabricação e do processamento.


Frigoríficos que produzem carne halal no Brasil.


Segundo a CibalHalal, são 45 as plantas frigoríficas com certificado halal em operação no Brasil.


Desse total, 40,0% são do JBS, 13,0% do Marfrig e outros 13,0% do Minerva, como observado na figura 1.



Países que consomem carne halal


Toda carne bovina brasileira exportada para os países de maioria Islâmica, com destaque para Argélia, Egito e Oriente Médio (exceto Israel) apresenta certificação Halal. Em Israel se consome carne Kosher (outra certificação religiosa).


Sobre as exportações, em 2013 o Brasil exportou 273,4 mil toneladas de carne bovina para esse mercado, uma queda de 10,6% em relação a 2012, como pode ser observado na figura 2. 



Em 2010 houve um aumento nas exportações de 35,9% em relação a 2009, com diminuição constante desde então. Em 2013 foi registrado o menor volume exportado desde 2009.


Este fato é resultado dos embargos financeiros ao Irã, em função da política nuclear adotada pelo país, o que inviabilizou a concretização dos negócios por questões operacionais. 



A seguir estimamos o número de animais abatidos sob a certificação halal para a geração do volume exportado. Utilizamos como referência bovinos machos, com peso de carcaça de 18,0@.


Dessa forma, a estimativa para 2013 é de que 328 mil cabeças tenham sido abatidas com certificação halal (figura 4). Este número chegou a 744 mil cabeças em 2010.



Considerações finais


Em relação ao volume total de carne bovina exportada pelo Brasil, o mercado Halal apresenta números expressivos e com potencial de crescimento, em função da carteira de clientes da carne brasileira e da demanda crescente deste grupo de países.


Em 2013 o volume exportado representou 18,2% das exportações de carne bovina brasileira e esta foi a menor participação registrada desde 2009. Apesar do recuo, os números demonstram a importância e grandeza desde segmento.


Para 2014, é esperada uma melhora em relação a 2013, visto que as exportações para o Irã voltaram a acontecer.


Colaborou Paulo Siqueira, graduando em engenharia agronômica e em treinamento pela Scot Consultoria.