Os dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 70,0% da água utilizada no mundo é destinada ao setor agropecuário.
Apesar do Brasil deter 12,0% da água superficial mundial, a distribuição territorial não é uniforme e, com isso, importantes regiões de produção vegetal e animal coexistem com baixa a disponibilidade deste recurso.
A produção animal utiliza 11,0% da água destinada ao setor agropecuário para a dessedentação. De acordo com dados coletados no 3° Simpósio em Produção Animal e Recursos Hídricos (3° SPARH), são necessários 3,5 bilhões de m³ de água para dessedentar o plantel brasileiro de gado de corte no ano, 1,3 bilhões para o gado de leite, 423 milhões para os suínos, 766 milhões para frangos e 16 milhões para poedeiras (Figura 1).
No Brasil, ainda faltam práticas que envolvam toda a cadeia de produção pecuária e que garantam a oferta de água em qualidade e quantidade aos animais.
Falta também o incentivo do governo para ocorrerem mudanças na legislação, assim como para a divulgação de recomendações e estratégias de manejo hídrico, estabelecimento de padrões de qualidade da água e para instituir o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) como política pública.
O PSA são projetos em parceria com prefeituras, agências e empresas privadas, que remunera o produtor que estabelece práticas de conservação ambiental na sua propriedade.
A água tem potencial de veicular patógenos que causam doenças como, o vírus influenza, a tuberculose, febre aftosa, coccídiose, toxoplasmose, sarcocisto e sarcosporiose, por exemplo.
Sendo assim, para impedir a contaminação dos animais, existem práticas simples que garantem a biossegurança. Optar por bebedouros que diminuam ao máximo o contato direto dos animais com a água, prática que já é comum na avicultura e suinocultura, saber qual a origem da água usada no abastecimento, escolher poços profundos e protegidos e fazer uso da cloração, são alguns exemplos.
Outra recomendação é o manejo correto dos resíduos da produção animal, que pode ser feito através do uso de biodigestores ou compostagem.
A ausência de manejo hídrico do Brasil se deve principalmente pela cultura de "abundância de água", o seu baixo custo e à falta de manejo ambiental. É preciso o entendimento da água como o tripé: alimento, recurso e insumo.
* Artigo elaborado com base nos dados coletados no 3o. Simpósio em Produção Animal e Recursos Hídricos (SPARH)
Colaborou Stéphanie Ferreira Vicente, em treinamento pela Scot Consultoria.