O secretário-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, prometeu criar um grupo de estudos sobre a crise mundial dos alimentos. O importante é que o economista Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental sobre Grãos da Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO), explicou: "Quando falamos da influência dos biocombustíveis na economia dos grãos, estamos falando do milho dos Estados Unidos, não da cana-de-açúcar do Brasil".
"Não temos nada contra o etanol brasileiro", garante o economista, que antes trabalhou na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e no Fundo Monetário Internacional (FMI). Entretanto, pondera, isso não quer dizer que, no futuro, não possa haver uma relação, ainda que indireta, entre a produção de etanol no Brasil e a redução de terras para a criação de gado e, com ela, o avanço dos pastos na Amazônia.
Em entrevista ao Estado, na sede da FAO em Roma, Abbassian reconhece que os subsídios nos EUA e na Europa inviabilizam projetos de biocombustíveis em países pobres. Mas estima que, independentemente dos subsídios, com exceção do Brasil e de outros poucos que podem produzir álcool da cana, é "discutível" que países da África ou a Índia venham a ter uma produção comercialmente viável de biocombustíveis, como quer o presidente Lula.
Fonte: Estado de São Paulo, dia 22 de abril de 2008.