A Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (EECFI), demonstra em sua história uma grande capacidade de sobrevivência.
Tudo começa por 1974, quando o prof. Helládio do Amaral Mello (fundador do IPEF), enviou o expediente (DS/266/74) ao reitor da USP, visando a incorporação do Horto Florestal de Itatinga ao patrimônio da universidade. Após anos de lutas e burocracia, um decisivo ofício do então deputado estadual, Dr. Jairo Ribeiro de Mattos, foi encaminhado pessoalmente ao governador Orestes Quércia, no sentido de incorporar o quanto antes o Horto de Itatinga ao patrimônio da USP. Em 28 de julho de 1988 foi efetivada a lavratura da escritura de doação do Horto de Itatinga à USP.
Essa data marcou a posse definitiva de um conjunto de árvores que, na época, era o maior patrimônio genético de Eucalyptus saligna existente no país e uma das principais espécies para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste brasileiras para a produção de lenha, carvão, celulose e chapas.
Hoje, além de ser um dos mais importantes bancos de materiais genéticos florestais de diversas espécies do Brasil e do mundo, a estação de Itatinga proporciona espaço para a realização de uma grande quantidade de experimentos, sendo que mais de 150 projetos de pesquisa estão em plena atividade no momento. Todo este recurso propicia o avanço da pesquisa florestal e, por consequência, a manutenção e o aumento da excelente produtividade florestal brasileira.
Em dados recentes da Ibá (Industria Brasileira de Árvores), o setor florestal brasileiro representa algo entorno de 6,0% do PIB nacional, 3,0% das exportações e mantém 5,0 milhões de empregos (contando apenas as empresas ligadas a esta associação). Isto demonstra a importância da manutenção das pesquisas em andamento nesta estação.
Em maio deste ano, a Universidade de São Paulo foi surpreendida pelo ofício 173/2014 da Secretaria de Planejamento do Desenvolvimento Regional de SP, solicitando informações sobre o uso da área da estação de Itatinga, demonstrando o interesse do governo do Estado de São Paulo na possibilidade de desapropriação de parte da área.
Farta documentação demonstrou a intensa atividade de pesquisa nesta área, com inúmeras teses, dissertações e artigos científicos, além de demonstrar que existem projetos em andamento na referida área. Desde o início do processo, foi procurado demonstrar ao governo a importância da área para as atividades de pesquisa e os prejuízos que poderiam ser causados por uma eventual desapropriação.
De fato, não parece ser razoável o entendimento de que uma estrutura de enorme valor estratégico, destinada ao desenvolvimento científico tecnológico de um importante setor da economia nacional, associado a um modelo inovador de gestão de patrimônio, venham a ser substituídos por investimentos em infraestrutura, sem o devido estudo de comparação de benefícios que as novas atividades possam a vir gerar para a região, que engloba o município de Itatinga, e para o país.
O IPEF e suas associadas, parceiros da Universidade de São Paulo nestas pesquisas, reforçam a necessidade da manutenção da área em posse da USP, como forma de proteger as pesquisas em curso, de manter o atual banco de material genético florestal (de valor imensurável), e suas áreas de proteção ambiental.
A ciência florestal e a competividade de nossa indústria de base florestal, não podem ficar órfãos de tamanho conhecimento ali propiciado!
Fonte: IPEF. 12 de agosto de 2014.