Para uma análise de como será o ano de 2015 para as principais commodities, é preciso analisar a conjuntura econômica brasileira e mundial do ano que passou.
Em 2014 o Brasil sentiu de maneira mais acentuada os efeitos da crise econômica mundial. A seguir alguns pontos importantes: estagnação da economia com crescimento do PIB quase inexistente de 0,14%; inflação descontrolada e acima da meta prevista, marcando 6,38%; redução da taxa de crescimento de empregos, o que não acontecia desde 1999, mesmo com a alteração da metodologia de cálculo; aumento da taxa básica de juros para 11,5% (SELIC); dólar em alta, tendo superado os R$2,70, com previsão de se manter em alta, segundo o Relatório Focus do Banco Central.
Para 2015 a situação não será diferente. O Banco Central planeja um grande reajuste fiscal, além de cortes de gastos e continuo aumento da taxa básica de juros, prevista para chegar em 12,5%, com possibilidade real de superar esse valor.
Com isso, esperamos um ano de reparos na economia. Apesar das taxas de juros mais atrativas, os analistas de mercado esperam a diminuição dos investimentos externos e menor acesso ao crédito por parte da população brasileira.
É preciso analisar também as grandes economias mundiais, principalmente os Estados Unidos e a China.
Com o PIB norte-americano voltando a crescer, o governo americano iniciou a retirada dos incentivos às grandes empresas e anunciou o aumento das taxas de juros para esse ano, assim espera-se que os investimentos externos no país voltem a crescer.
Aliado a isso temos um aumento na produção de soja e de milho nos Estados Unidos em 2014/2015 (colheita concluída) de 17,8% e 3,5% respectivamente. Este fato somado ao aumento da área plantada de soja no Brasil na temporada atual é um fator de baixa dos preços do grão no mercado internacional.
O nosso principal comprador de soja, a China, vêm apresentando redução da sua taxa de crescimento. Em 2010 a economia chinesa avançava com taxas de crescimento acima dos 10,0%, já para 2015 a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês fique entre 6,0% e 7,0%.
Apesar de serem bons valores, acima do crescimento econômico mundial, essa redução pode acarretar em uma diminuição das importações principalmente de soja.
Poderemos esperar um ano de muita competitividade, onde cada detalhe fará toda a diferença para o seu negócio.
Para melhor gestão do seu negócio e planejamento da atividade, a Scot Consultoria está disponibilizando uma série de expectativas para o mercado de commodities em 2015. Serão comentadas a soja, o milho, o boi gordo, entre outras. Começaremos falando do mercado da soja para 2015.
Soja
Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em 2014/2015 a área plantada no Brasil aumentou 4,9% em relação à safra passada. A expectativa é de que a produção cresça 11,3% ou 9,7 milhões de toneladas do grão a mais que o colhido em 2013/2014.
Com relação à safra norte-americana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma produção de 107,7 milhões de toneladas, um aumento de 17,8% em relação à safra passada, cujo volume produzido foi de 91,4 milhões de toneladas.
Para os primeiros meses do ano, o dólar valorizado em relação ao real, cotado acima dos R$2,70, deverá manter a competitividade da soja brasileira nos portos nacionais, segurando assim o preço da commodity.
Do mesmo modo, o dólar em alta reflete nos custos de produção do sojicultor, que pagará mais caro pelos insumos. Para o produtor que antecipou as compra dos insumos, a rentabilidade poderá ser maior.
Se as condições climáticas não atrapalharem, a produção brasileira em 2015 poderá ser recorde, o que deverá pressionar os preços da soja para baixo.
Vale ressaltar que os estoques americanos estão em alta e que o ritmo de crescimento da China, maior importadora do grão, não é mais o mesmo de cinco anos atrás.
Somando todos esses fatores, a expectativa é de queda nos preços da oleaginosa no mercado internacional. O clima e o desenvolvimento da safra brasileira serão decisivos nestes primeiros meses do ano.
O dólar valorizado é, por ora, o único fator de sustentação das cotações de soja em reais.
Colaborou André Mazi, graduando em engenharia agronômica e em treinamento pela Scot Consultoria.