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Pesquisa sobre exportações agrícolas brasileiras

por Fabio Lucheta Isaac
Sexta-feira, 25 de julho de 2008 -09h27
Uma pesquisa publicada na Revista de Economia e Sociologia Rural apresenta um diagnóstico preocupante em relação à mudança na pauta das exportações agrícolas brasileiras.

As análises apontam que os ganhos de competitividade da agricultura brasileira foram acompanhados por piora da qualidade das exportações. Ou seja, os produtos básicos, de baixo valor adicional e que exploram os recursos naturais, foram os que mais ganharam espaço.

Os resultados mostraram ainda que os ganhos de competitividade da agricultura brasileira se devem, principalmente, ao aumento da quantidade exportada. Segundo os pesquisadores, trata-se de um processo de desindustrialização, também chamado de doença holandesa ou maldição dos recursos naturais.

A pesquisa analisou as informações de comércio exterior da FAO (organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) entre 1991 e 2003. A partir da análise, chegou-se à conclusão de que a exportação agrícola brasileira cresceu mais que do que o potencial estimado, resultado do aumento expressivo da competitividade. Mas, após mudança cambial, em 1999, parte da competitividade foi neutralizada pelo aumento da participação de produtos cuja demanda mundial estava em declínio.

Em outras palavras, o que aconteceu no caso brasileiro é que houve um predomínio de produtos cujos preços internacionais se reduziram, mas as quantidades exportadas se elevaram. O valor das exportações cresceu à taxa média anual de 3,4% no período, mas 88,1% da receita das exportações provieram do aumento do volume exportado de produtos com preços em baixa.

Segundo a pesquisa, se a trajetória das exportações brasileiras seguir o fluxo de aumento cada vez maior de commodities básicas, estaremos depauperando nossos recursos naturais com resultados econômicos limitados e de curto prazo.

Outro destaque é que a pesquisa contou com dados referentes ao período de 1991 a 2003. E, nos últimos anos, os preços internacionais dos produtos agrícolas estiveram em alta.

Porém, essa vantagem vem sendo neutralizada, em boa medida, pela sobrevalorização cambial.

O artigo está disponível em: www.scielo.br/scielo