Carnes e lácteos estão na relação de produtos do agronegócio que devem ser impactados pelo Tratado Transpacífico, maior acordo comercial da história, do qual participam países que representam 40% do PIB global, entre eles EUA, Austrália, Canadá, México, Japão e outros asiáticos.
Diretor executivo da entidade acredita que Mercosul ficou para trás e deve acelerar parceria com a União Europeia
Maior exportador de carne bovina do mundo, com faturamento de US$7,2 bilhões em 2014, o Brasil deverá tornar-se também o principal produtor num prazo de cinco anos, superando os EUA. Como prever o futuro, diante da conclusão da parceria transpacífica, que visa fundamentalmente conter o avanço da influência da China na Ásia?
Conversei na terça-feira (7/10) com Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), entidade responsável por 95% da carne brasileira negociada nos mercados internacionais. Sampaio acredita que as peças não serão mudadas imediatamente. A Austrália já tem acordos comerciais com os países do novo tratado e deve continuar os abastecendo. No caso do Japão, o Brasil não possui acordo, afirma.
Segundo o executivo da Abiec, no que diz respeito à carne bovina, o Brasil se mexeu nos últimos anos tendo conquistado e consolidado novos mercados. Presença certa em feiras de alimentação ao redor do mundo, a carne brasileira é exportada para Irã, Egito, Árabia Saudita, Venezuela e Rússia, entre outros.
Importante: a China, sempre ela, está comprando carne bovina do Brasil. Antes, como é sabido, os embarques aconteciam via Hong Kong. "A China não faz parte do acordo Transpacífico e deverá sustentar o crescimento das nossas exportações nos próximos anos", prevê Sampaio. Outra vantagem brasileira apontada pelo executivo é a possibilidade que o Brasil possui de aumentar a oferta de carne, enquanto Austrália e EUA, grandes exportadores, estão limitados por espaço e clima. No caso da Austrália, por exemplo, o volume de água é escasso, limitante, lembra.
Para o executivo, que falou comigo do aeroporto em viagem para a feira Anuga, em Colônia, na Alemanha, da qual participam mais de cem países, o recente acordo comercial vai obrigar o Brasil a se mexer muito mais, pois o impacto é profundo e exige uma reação. "O Mercosul, por exemplo, ficou para trás", enfatiza Sampaio. Segundo ele, iniciativas como o acordo Mercosul/União Europeia, devem ser acelerados.
Fonte: Globo Rural. Por Sebastião Nascimento. 15 de outubro de 2015.