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A crise ainda pode piorar, e muito

por Equipe Scot Consultoria
Terça-feira, 17 de novembro de 2015 -15h41

Decio Zylbersztajn expõe sua opinião sobre o futuro da economia brasileira e os impactos no agronegócio.



"Será necessário retomarmos o caminho da pluralidade democrática com um, e apenas um, Ministério da Agricultura que cuide da nossa atividade agrícola na sua totalidade, sem sectarismos e respeitando a lei."


Esses e outros comentários foram apresentados pelo engenheiro agrônomo, professor da FEA/USP e fundador do PENSA, Decio Zylbersztajn, em entrevista concedida à Scot Consultoria.


Decio será um dos debatedores do bloco sobre macroeconomia do Encontro de Analistas da Scot Consultoria, que acontece dia 27 de novembro em São Paulo-SP.


Para mais informações, acesse www.encontrodeanalistas.com.br. Os valores atuais de inscrição vão até dia 19, nesta quinta-feira. Aproveite.


Confira a entrevista na íntegra:


Scot Consultoria: Quando Joaquim Levy chegou ao Ministério da Fazenda, as palavras do momento foram "ajustes fiscais". De fato, esses ajustes aconteceram? Como ficará a balança comercial brasileira nesse e no próximo ano? Quais as medidas que o senhor acha que devem ser tomadas para colocar o país no "caminho correto"?


Decio Zylbersztajn: Os ajustes não ocorreram devido aos impasses de cunho político no Congresso.


A opção pelo aumento de tributo é a proposta do governo. Certamente não há outra saída a não ser pagarmos a conta da incompetência administrativa. Resta saber se a sociedade terá mecanismos para exigir ajustes mais do que cosméticos, nos gastos públicos. A proposta do PMDB surpreendeu pelo realismo e pelo significado, propondo aspectos contrários aos da agenda do PT.


Medidas necessárias passam por mudanças constitucionais transformando a nossa Constituição cidadã, também em uma Constituição factível. Assim, o desmantelamento dos gastos fixos incompatíveis com a arrecadação deve ser considerado.


Também será necessário retomarmos o caminho da pluralidade democrática com um, e apenas um, Ministério da Agricultura que cuide da nossa atividade agrícola na sua totalidade, sem sectarismos e respeitando a lei.


Scot Consultoria: Quais as expectativas para o dólar em 2016?


Decio Zylbersztajn: O cenário é de volatilidade e de permanência da desvalorização da moeda nacional, até que se retome o fluxo de investimentos para o país. 


Scot Consultoria: Preços internacionais das commodities em baixa e desvalorização do real. O que essa conjuntura implica nas exportações do agronegócio brasileiro?


Decio Zylbersztajn: Os dois movimentos citados têm sentidos opostos. Mais cedo ou mais tarde, a baixa das commodities chegaria. Espera-se que o setor agrícola esteja preparado para enfrentar tais movimentos. O Estado não fez os investimentos que deveria ter feito no período de vacas gordas. Preferiu gastar com o apoio ao MST do que melhorar o sistema de Defesa Sanitária. Não estimulou a pesquisa agrícola e não resolveu os principais problemas logísticos.


A desvalorização do câmbio estimula os produtos de exportação, ainda que tenham impacto nos custos de produção. Os produtos de consumo doméstico amargam apenas os impactos nos custos.


Scot Consultoria: O Brasil corre risco de mais algum rebaixamento no seu grau de investimento pelas agências internacionais? De fato, o risco de calote realmente aumentou? Ou é mais uma sensação pessimista do mercado?


Decio Zylbersztajn: Claro que corremos o risco. Em boa parte, devido ao perfil tristemente deteriorado das lideranças do Congresso, que detém um poder acima do que o bom povo brasileiro merece.


Sim, as coisas podem piorar.