A Associação Brasileira das Indústrias de Óleo de Soja (Abiove) divulgou nesta quarta-feira suas projeções para 2016, que apontam para a colheita de 98,60 milhões de toneladas da oleaginosa e exportações de 53,80 milhões de toneladas, volume 1,5% acima do previsto para este ano.
As projeções da entidade são de queda de 6,5% na receita das vendas externas do grão em 2016, para US$18,83 bilhões, devido à previsão de queda de 7,9% no preço médio, projetado em US$350,00 por tonelada, abaixo dos US$380,00 deste ano e dos US$509,00 do ano passado.
Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove, explica que o preço de exportação de US$509,00 por tonelada, registrado em 2014, foi "um ponto fora da curva", pois refletia a quebra da safra norte-americana e o enxugamento dos estoques mundiais. Ele prevê que os preços da soja na Bolsa de Chicago nesta safra devem ficar estáveis entre US$8,50 a US$9,00 por bushel.
Na avaliação da Abiove a safra brasileira de soja que está em fase de desenvolvimento tem potencial para colheita acima de 100 milhões de toneladas, "que é um marco histórico importante". Trigueirinho descarta uma pressão de oferta, lembrando que o consumo na China continua crescendo na faixa de 5 a 6 milhões de toneladas de soja anuais.
Ela acredita que o Brasil continuará como principal fornecedor do mercado mundial, porque tem espaço para expandir o plantio nas áreas de pastagem degradas, enquanto nos Estados Unidos e mesmo na Argentina somente avançando sobre outras culturas.
Carlo Lovatelli, presidente da entidade, diz que o principal desafio do setor é expandir as exportações de produto de maior valor agregado. A Abiove calcula que 60% da soja brasileira é exportada in natura, enquanto na Argentina 80% da safra é processada pela indústria local para produção de óleo e farelo.
Lovatelli defende entendimentos entre os governos do Brasil e da China, para estabelecer uma cota de exportação de derivados de soja, em troca de alguma mercadoria de interesse dos chineses. Ele destaca a maior participação do governo chinês no mercado, por meio da compra da participação nas grandes companhias exportadoras, além de expandir seu parque industrial com a entrada em funcionamento de 9 a 15 modernas fábricas no próximo ano.
Outra preocupação da Abiove diz respeito à questão tributária, como o crédito das empresas estimado entre US$2,00 a R$3,00 bilhões, que não foram pagos pelo governo federal por causa da falta de recursos no Tesouro.
Lovatelli relatou que na quinta-feira (3/12) participa de reunião com representantes do governo de Mato Grosso para tratar da questão da tributação do ICMS. Ele explicou que Mato Grosso quer que as indústrias informem se a soja que saiu do Estado foi exportada (neste caso isenta do imposto) ou processada e vendida para o mercado interno, a fim de que possam cobrar o tributo. Ele diz que é impossível determinar o destino na saída da mercadoria, mas ressaltou que o setor está disposto a chegar num acordo para pagar o tributo.
Fonte: Globo Rural Por Venilson Ferreira. 3 de dezembro de 2015.