Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br

Demanda por milho não deve cair

por Equipe Scot Consultoria
Quarta-feira, 9 de dezembro de 2015 -16h56



Batemos um papo com o ex-Ministro da Agricultura e Presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), o engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli.


Alysson participou do Encontro de Analistas da Scot Consultoria, que aconteceu no fim de novembro, em São Paulo-SP.


Para ver como foi o Encontro, acesse www.encontrodeanalistas.com.br.


Confira a entrevista na íntegra:


Scot Consultoria: Como ficarão os custos de produção do milho para a próxima safra?


Alysson Paolinelli: O custo de produção do milho vai ter uma projeção de aumento para a próxima safra, semelhante ao próprio aumento do dólar, pois, infelizmente, o Brasil ainda é um grande dependente de insumos, fertilizantes, defensivos e até combustíveis, então isso está pesando bastante. Eu acho que a forma de compensar isso é com maior produtividade.


Scot Consultoria: Qual a tendência de preços para 2016 das principais commodities (soja e milho) que compõem a base da alimentação dos animais, considerando o cenário atual do país?


Alysson Paolinelli: Eu não vou te dizer episodicamente só em 2016. A tendência é que a demanda não vá cair e o setor produtivo não está conseguindo crescer ao mesmo nível da demanda. No ano passado, todo mundo me questionava que o Brasil estava produzindo muito bem, e que os preços iriam cair porque os estoques seriam altos (o Japão tinha estoque, a China anunciou 60,0 milhões de toneladas, os Estados Unidos produziram bem, etc.). Eu insistia em dizer, que estava havendo um exagero com relação à oferta de milho.


Eu olho muito mais para a demanda de milho e soja, e explico porque - Os países que estão tendo maior crescimento são os mais populosos, especialmente Índia, China, os outros países Asiáticos e a própria África. Neste último, não é só crescimento da demanda de milho para a produção de ração, é produção de comida mesmo, o africano tem o milho como grande fonte de alimentação.


Então, a projeção que fazemos na Abramilho é que vai haver uma tendência de aumento de demanda e, com isso, os preços não têm nenhuma tendência de queda, a não ser que existam outros episódios econômicos incontroláveis.


O próximo ano é ainda bem incógnito em relação à oferta, porque o Brasil atrasou um pouco o plantio, e a mesma coisa está acontecendo com a Argentina. Lá, inclusive, há uma perspectiva de mudança profunda na área política e econômica.


Além disso, também estamos verificando que as regiões que eram grandes produtoras, como a Europa, por exemplo, estão aguardando o milho brasileiro, devido à sua boa qualidade. Ainda existe uma preocupação com os problemas das transgenias, porque mais de 90% do milho plantado no Brasil hoje é transgênico, mas mesmo assim nós temos uma boa aceitação, então não vejo possibilidade de quedas profundas, ao contrário, eu acho que a longo prazo, a tendência é de uma sustentação de preços em função da demanda.


Scot Consultoria: Podemos esperar um mercado consumidor (mercado interno) retomando o crescimento em meados de 2016? Se não, para quando é esperada uma luz no fim do túnel?


Alysson Paolinelli: Eu acho que o Brasil precisa de uma política pública especial para estimular a produção de milho. Não estou esperando que o país vá perder produção. O ano passado a produção foi recorde.


Precisamos repetir essa produção recorde porque estamos ganhando mercado externo.


Além disso, o mercado brasileiro consome praticamente 80% do total produzido, e não tenho dúvida que haja uma retomada do consumo interno em 2016.