Certa vez, conversando com o professor Moacyr Corsi, ele me disse que, embora estivesse há décadas viajando pelo Brasil, pregando o manejo correto de pastagens, pouca coisa havia mudado nos hábitos e nos costumes da pecuária brasileira.
Esta constatação interessante e, ao mesmo tempo desestimulante, resultava do fato de não haver necessidade de mudanças do ponto de vista do fazendeiro, por uma série de razões sobre o qual não cabe aqui discorrer.
Mas, o cenário mudou. Mudou institucionalmente e mudou em função do mercado.
Se, antes, o fazendeiro, por exemplo, optava por migrar para regiões de terras mais baratas e desbravar para produzir, hoje, esta ação estratégica foi proibida por decreto, pois o Código Florestal praticamente proibiu a abertura de fronteiras agrícolas no Brasil. Trata-se da única ação do mundo a adotar esta medida draconiana.
Se está certo ou errado, as gerações futuras que julgarão. Em função desse represamento, dessa contenção legal, resta aos fazendeiros brasileiros o aumento da produtividade, aumento da produção cultivando a mesma área.
Por outro lado, os custos sobem sempre e a cotação do produto final cai por unidade produzida. A solução é, também, o aumento da produtividade por área. Acreditando que estes dois motivadores sejam suficientes para provocar uma mudança de hábitos, resta o desafio de produzir racionalmente, sem desperdício de recursos.
Nesse sentido, um conjunto de organizações tem divulgado e fomentado os métodos de produção cuja denominação é Boas Práticas Agropecuárias, e de adoção voluntária. Dentre estas organizações que são muitas, tem-se a Embrapa Gado de Corte e o Grupo de Trabalho de Pecuária Sustentável (GTPS).
Recentemente, o GTPS lançou o "Guia de Práticas para Pecuária Sustentável", cuja finalidade é orientar o fazendeiro para que o explore a atividade de, hoje e sempre, atendendo os requisitos legais do mercado, perenizando a fazenda. Tal publicação foi escrita por técnicos, formados em Ciências Agrárias, que compõem o quadro de associados da Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável (APPS), a pedido do GTPS.
Fonte: Revista Agroanalisys. Por Alcides Torres. Novembro de 2015.