Um levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Confinadores (ASSOCON) aponta redução de 5,0% na quantidade animais confinados em 2015, em relação ao ano anterior. A retração foi de 769 mil para 731 mil, segundo apurou a entidade junto aos 85 projetos associados, distribuídos em 8 estados: São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Maranhão.
Na opinião do gerente-executivo da Associação, Bruno de Andrade, alguns fatores contribuíram para este panorama. “O segundo giro de gado no confinamento apresentou problemas de rentabilidade, causados pelo preço do boi gordo, que não acompanhou o aumento do custo de produção, especialmente do milho.”
O boi magro, além disto, permaneceu valorizado e o consumo de carne bovina foi afetado pela menor oferta de animais para o abate (queda de 10,0%) e também pelo cenário econômico brasileiro. “Diante deste quadro, o consumidor acabou migrando parte de seu consumo para as proteínas animais mais baratos, como frango e suíno”, explica.
Perspectiva
Para este ano, Andrade afirma que a previsão preliminar aponta a mesma tendência da temporada passada. De acordo com a ASSOCON, o confinamento pode cair até 3,5% em 2016, porque o pecuarista continua preocupado com o consumo doméstico, com os custos de produção e com a retomada das exportações de carne bovina.
“Vale lembrar que esta estimativa inicial pode ser revertida se algum destes componentes mudar”, comenta o gerente, acrescentando que a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) está otimista em relação às exportações em 2016. “Aliás, o aquecimento das vendas externas pode ser o sinal esperado pelos confinadores para investir na aquisição de bois magros”, acrescenta.
O cenário projetado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), ligada à Universidade de São Paulo (USP), aponta que, embora as perspectivas macroeconômicas brasileiras não sejam das melhores, a pecuária bovina de corte pode esperar certa sustentação do consumo de carne, por parte dos brasileiros, em relação ao visto em 2015, respaldada no hábito consolidado e também no desempenho promissor no mercado externo.
De acordo com o CEPEA, na BM&FBovespa, os próximos vencimentos do boi gordo apontam valores acima do atual fechamento no físico. “Além da perspectiva de receita, confinadores vão definir seus investimentos de olho também no mercado de grãos”, alerta a equipe do centro, que é comandada pelo professor Sergio De Zen.
“Com câmbio projetado acima de quatro reais o dólar, o milho e a soja brasileiros seguem competitivos e suas exportações tendem a ser ainda maiores, o que sustentaria elevados os preços internos”, analisa.
“Com folga de um lado ou aperto, de outro, o fato é que as estruturas profissionais de confinamento do País requerem a continuidade das operações e ganhos por eficiência. Num ano como este, em que as tradicionais incertezas parecem ser ainda maiores, o importante é afinar o planejamento e produzir na medida certa, mas não esmorecer”, recomenda De Zen.
Mesmo com o cenário adverso, a expectativa futura é de crescimento da atividade de confinamento. Segundo o Rabobank, até 2023, o total de animais confinados no Brasil deverá superar 9 milhões de cabeças, o dobro do atual, o que significa 2,50 milhões de toneladas de carne bovina, o equivalente a 20,0% da oferta.
Fonte: SNA. 15 de janeiro 2016.