O preço da arroba do boi gordo tem registrado consecutivas altas desde o início deste ano em função da baixa disponibilidade de animais. No entanto, essas valorizações que fizeram o boi chegar a R$155,00/@ em São Paulo, já começam a esbarrar em limitantes.
A dificuldade em repassar a alta da matéria prima nos preços da carne é uma delas. Com a demanda interna fraca, as indústrias compram o boi a níveis elevados, mas não conseguem comercializar a carne no mesmo patamar.
Assim, as margens das indústrias que iniciaram janeiro com relação de, aproximadamente, 27%, hoje já operam a 17%. Em tal caso, o consultor da Scot Consultoria, Alex Santos Lopes lembra que "quando as margens caíram drasticamente em 2015, os frigoríficos entraram com estratégias de pressionar fortemente as cotações, chegando a balizar até R$8,00 abaixo da referência de um dia para o outro".
Para o analista, as indústrias ainda possuem ociosidade que poderiam ser enxugadas neste ano, mesmo com o ajuste já realizado no primeiro semestre de 2015. Esse movimento, no entanto, não deve ocorrer no curto prazo, sendo necessário observar o encurtamento das margens.
"Nós acreditamos que há possibilidade dessas margens se encurtarem cada vez mais, porque a oferta de gado é restrita, não há nada no curto prazo que indique uma melhora. Ao mesmo tempo em que a situação da economia vai piorar", lembra Lopes.
No entanto, não são descartadas melhoras pontuais na oferta, considerando as condições específicas de cada região. Então, Lopes ressalta que poderemos ter um período de concentração de gado que pode causar pressão sobre os preços, considerando que a demanda interna está bastante enfraquecida.
De maneira geral, os analistas acreditam em um ano de baixa oferta de animais, até mesmo porque a relação de troca entre boi magro, bezerro e a arroba estão historicamente em baixa. "Um boi de 18@ em São Paulo ele compra dois bezerros nelore de desmama", acrescenta Lopes.
Fonte: Notícias Agrícolas. Por Aleksander Horta e Larissa Albuquerque. 18 de fevereiro de 2016.