Em janeiro a balança comercial brasileira foi positiva em US$923 milhões (MDIC), resultado de exportações de US$11,25 bilhões e importações de US$10,32 bilhões.
Desde 2011 o saldo comercial não ficava positivo no primeiro mês do ano. No mesmo período do ano passado, foi registrado déficit de US$3,17 bilhões.
Apesar do saldo positivo, o faturamento com a exportação caiu 26,3% em relação a dezembro último e 17,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Todas as categorias de produtos exportados, incluindo semimanufaturados, básicos e manufaturados, faturaram menos.
No grupo dos produtos básicos, petróleo e café apresentaram decréscimo nas exportações, mas por outro lado, soja em grão, algodão, milho e a carne bovina in natura registraram crescimento não permitindo que a queda fosse maior.
Dentre os produtos básicos a carne bovina in natura será o foco abordado nesta matéria, já que num ano de expectativa de queda do consumo interno e alta para o dólar, a exportação é um importante canal de escoamento da produção.
Como foi a exportação de carne bovina em 2015?
Segundo estimativa da Scot Consultoria a produção de carne bovina foi de 9,3 milhões de toneladas equivalente-carcaça e a exportação de carne bovina in natura (em toneladas equivalente-carcaça) representaram 15,1% da produção nacional.
Após bons resultados em 2013 e 2014, em 2015 o desempenho patinou. Foi exportada 1,08 milhão de toneladas, queda de 12,1% em relação a 2014.
A alta do dólar e a queda da produção mundial, resultado do encolhimento das produções nos Estados Unidos e na Austrália, foram favoráveis às vendas externas. Entretanto, em janeiro de 2015, as vendas caíram 29,6% em volume.
Veja o desempenho da exportação de carne bovina em volume (figura 1).
A queda da exportação se deu principalmente pela redução das compras da Rússia e Venezuela. A queda no preço do petróleo que gerou instabilidade econômica nesses países foi responsável por esse cenário.
Entretanto, o faturamento em reais aumentou. As seguidas altas no dólar ocorridas principalmente no final de 2015 colaboraram para esse cenário.
O faturamento com a exportação da carne bovina in natura foi de R$15,3 bilhões, valor 13,3% maior comparado a 2014.
E em 2016?
O ano começou com bons resultados. Em janeiro foram exportadas 78 mil toneladas bovina, volume 5,3% maior quando comparado a mesmo período de 2015.
Transformando em reais, o faturamento foi de R$1,2 bilhão, valor 49,2% maior comparado a janeiro do ano anterior.
Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia (figura 2).
Esse número colabora com a expectativa de incremento da exportação de carne bovina, cuja estimativa de crescimento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) é de 25% em 2016.
O dólar valorizado frente ao real e a abertura de novos mercados são fatores positivos para o desempenho no volume exportado.
Para dezembro de 2016, o dólar futuro está em R$4,33 (figura 3).
No boletim Focus, divulgado pelo Banco Central no dia 15/2, o câmbio médio de 2016 está estimado em R$4,20. A estimativa para o final do ano é de R$4,38, elevação de 0,7% quando comparado à expectativa do boletim anterior.
Para 2017, a perspectiva do mercado financeiro para o câmbio é de R$4,40.
Em relação a abertura de novos mercados, em fevereiro o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que cinco novos frigoríficos foram autorizados a exportar carne bovina para a China. Até o momento são 16 frigoríficos habilitados. Em 2015, o Brasil exportou à China um total de US$477,0 milhões em carne bovina.
Por fim, diante de um consumo interno titubeante, a expectativa de exportação crescente é um fator de alívio para o setor.