A Vale espera demanda enfraquecida por fertilizantes no curto prazo, especialmente no Brasil. A avaliação está no balanço da mineradora, divulgado na quinta-feira (24/2), que mostra queda de receita do segmento no último trimestre e no acumulado do ano passado.
“No curto prazo, o consumo pode permanecer fraco, especialmente no Brasil, já que compradores de fertilizantes continuam a adiar compras com a expectativa de uma recuperação do mercado de crédito e maiores preços das commodities agrícolas”, informa o relatório.
A receita líquida (descontados os custos) de fosfatados foi de US$387,00 milhões no intervalo de outubro a dezembro de 2015. O desempenho foi afetado pela queda nos preço e menores volumes de venda. O valor é 34,2% menor que o do terceiro trimestre de 2015 (US$588,00 milhões) e 10,4% inferior ao do período de outubro a dezembro de 2014.
O volume vendido no período foi de 1,69 milhão de toneladas, queda de 28,4% em relação ao terceiro trimestre do ano passado (2,33 milhão) e de 8,5% quando comparado com o último trimestre de 2014 (1,85 milhão de toneladas).
As quedas nas cotações e na quantidade vendida tiveram efeito também no desempenho dos nitrogenados. O faturamento líquido foi de US$76,00 milhões no quarto trimestre de 2015. O resultado ficou 17,4% menor que o do terceiro trimestre do ano passado (US$92,00 milhões) e 29,6% inferior ao do quarto trimestre de 2014 (US$108,00 milhões).
As vendas no período foram de 154 mil toneladas, 16,7% a menos que no terceiro trimestre do ano passado (185 mil toneladas) e queda de 10,5% em relação ao intervalo de outubro a dezembro de 2014 (172 mil toneladas).
A receita líquida com potássio foi de US$33,00 milhões entre outubro e dezembro do ano passado. De acordo com a Vale, a redução dos preços internacionais foi um dos fatores que influenciaram o resultado. Outro foi o menor teor do insumo nas minas, que tiveram impacto na produção. Na avaliação da Vale, o mercado de potássio ainda tem uma situação de excesso de oferta e demanda fraca.
O valor é 29,8% menor que o trimestre anterior (US$47,00 milhões) e 26,7% inferior ao do quarto trimestre de 2014 (US$45,00 milhões). O volume vendido, 114 mil toneladas, é 26,4% menor que o do terceiro trimestre de 2015 (155 mil toneladas) e 5,8% inferior ao quarto trimestre do ano retrasado (121 mil toneladas).
Diante da situação, o relatório menciona ajustes na oferta como medida de reequilíbrio. “O mercado de potássio pode voltar ao equilíbrio no curto prazo com cortes de produção e nenhuma capacidade adicional instalada em 2015. O fosfato pode também melhorar com corte de produção”, informa o documento.
Acumulado do ano
Em todo o ano passado, a receita líquida com fosfatados foi de US$1,82 bilhão, valor 4,5% menor que o de 2014 (US$1,90 bilhão). O volume vendido caiu 3,15% de um ano para outro, de 7,90 milhão para 7,65 milhão de toneladas.
Nos nitrogenados, a Vale faturou US$355,00 milhões, 13,6% abaixo do registrado em 2014 (US$411,00 milhões). O volume comercializado no ano passado foi de 641 mil toneladas, uma queda de 5,7% em comparação com a quantidade vendida em 2014.
A receita líquida com as vendas de potássio foi de US$147,00 milhões no ano passado, queda de 13,0% em relação a 2014 (US$169,00 milhões). O volume vendido, 463 mil toneladas, é 2,5% menor que o do ano retrasado (475 mil toneladas).
Apesar da queda de receita, o segmento de fertilizantes aumentou sua participação no desempenho geral da Vale no ano passado, respondendo por 8,0% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) do ano passado. Em 2014, essa parcela tinha sido de 2,1%. A direção da empresa credita o resultado do setor (Ebitda de US$567,00 milhões) a redução de custos e impacto positivo de variações cambiais.
Resultado geral
No total, a Vale encerrou 2015 com um prejuízo líquido de US$12,13 bilhões, revertendo o resultado do ano anterior, quando a mineradora tinha lucrado US$657,00 milhões. Só no quarto trimestre do ano passado, o resultado líquido foi negativo em US$8,57 bilhões. O faturamento líquido (descontados os custos) foi de US$25,61 bilhões em 2015. No ano anterior, tinham sido de US$37,54 bilhões.
De acordo com dados da consultoria Economática, o prejuízo da Vale em 2015 é o maior já registrado por uma empresa de capital aberto brasileira desde 1986. A conclusão se baseia no resultado convertido para reais, que chegou a R$44,20 bilhões, ajustado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado.
O ranking considera todas as empresas, mesmo as que, posteriormente tenham sido extintas ou fecharam seu capital. Em segundo lugar, aparece o prejuízo do Banco Nacional registrado em 1995, de R$26,45 bilhões, seguido pelo Banco do Brasil, que registrou em 1996 um resultado negativo de 24,81 bilhões. Na quarta colocação, aparece o prejuízo da Petrobras de 2014, de R$23,89 bilhões.
Fonte: Globo Rural. Por Raphael Salomão. 26 de fevereiro de 2016.