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Mercado do leite firme, mas o cenário ainda é cauteloso

por Equipe Scot Consultoria
Sexta-feira, 1 de abril de 2016 -13h57


Rafael Ribeiro, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre o mercado de leite.


"...Os custos de produção continuam em alta. O cenário é de cautela. É necessário planejamento e estratégia para a compra de insumos".


Essa é a opinião do analista Rafael Ribeiro, zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira.



Confira a entrevista na íntegra:


Sidnei Maschio: Qual é a explicação para esta redução na entrega de leite na indústria no ano passado, Rafael?


Rafael Ribeiro: Os principais fatores foram o aumento dos custos de produção e queda nos preços do leite ao produtor.


Comparando a média de 2015 em relação a 2014, o preço do leite caiu 2,2% em valores nominais, enquanto os custos de produção subiram, em média, 5,4% segundo o Índice.


Sidnei Maschio: A pesquisa do IBGE mostrou também que no quarto trimestre do ano a redução, em relação ao mesmo período de 2014 foi ainda maior. Isso quer dizer que naquele momento a situação estava piorando em vez de melhorar?


Rafael Ribeiro: O final do ano é o período de safra. A pressão de baixa sobre os preços do leite é maior no mercado interno. Foi a partir do segundo semestre de 2015 também que os custos de produção começaram a subir fortemente.


No último trimestre de 2015, o volume de leite adquirido pelos laticínios foi de 6,3 bilhões de litros, uma queda de 3,9% em relação ao igual trimestre de 2014.


Sidnei Maschio: A entrega de leite diminuiu em todas as regiões do país, mas o tombo foi bem maior no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste do que no Sul e no Sudeste? Qual foi o motivo dessa diferença?


Rafael Ribeiro: No Nordeste, além dos custos em alta, teve a questão do clima adverso afetando a produção.


Na região Sudeste, o clima também prejudicou a produção em algumas regiões como o Norte de Minas, com a seca, mas o principal fator foi a margem estreita e menores investimentos por parte do produtor e corte de gastos na atividade, inclusive com redução de rebanho, etc.


Sidnei Maschio: Com a redução na entrega de leite nas indústrias, o preço voltou a subir a partir de novembro. O que aconteceu com a cotação de lá pra cá?


Rafael Ribeiro: O preço do leite ao produtor subiu 5,2% nos três últimos pagamentos, sendo que só no pagamento de março a alta foi de 2,7%.


A média nacional ficou em R$1,01 por litro, sem o frete, segundo levantamento da Scot Consultoria.


O mercado está firme, com valores do leite spot acima de R$1,40 por litro em São Paulo e Minas Gerais.


Sidnei Maschio: O preço ao produtor vai continuar subindo nos próximos meses?


Rafael Ribeiro: A expectativa é de mercado firme e alta do preço do leite ao produtor até julho/agosto deste ano, com um peso forte da entressafra nos próximos meses.


Sidnei Maschio: O reajuste no preço acontecido até agora muda fundamentalmente a situação do produtor brasileiro?


Rafael Ribeiro: Ajuda, mas os custos de produção continuam em alta. O cenário é de cautela. É necessário planejamento e estratégia para a compra de insumos.