Os preços da soja caíram no Brasil na maior parte de março. A queda esteve atrelada à maior oferta do grão, por conta do avanço da colheita, e à desvalorização do dólar frente ao Real. Além de a oferta se sobrepor à demanda em várias regiões, o enfraquecimento das cotações também foi reflexo da desvalorização do farelo de soja. Como o mercado de biodiesel segue firme, indústrias intensificaram o processamento para aumentar a oferta de óleo e, com isso, elevaram a disponibilidade de farelo.
A média do Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, na condição transferido corredor de exportação e/ou sobre rodas no porto, na modalidade spot, foi de R$ 74,53/sc de 60 kg em março, 4,2% menor que a de fevereiro. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos na BM&FBovespa) o Indicador teve média de US$ 20,17/sc de 60 kg. Na BM&FBovespa, o contrato Maio/16 (primeiro vencimento) teve alta de 1,94% entre fevereiro e março, com a média a US$ 19,99/sc 60 kg.
Já a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve queda de 4,6% no mês, a R$ 69,95/sc. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve queda de 7,2% no mercado de balcão (recebido pelo produtor) e de 6,8% no de lotes (negociação entre empresas). Os preços de farelo de soja caíram fortes 14,8% de fevereiro para março, considerando-se as regiões acompanhadas pelo Cepea. O valor do óleo de soja recuou 6,6% na mesma comparação, a R$ 2.807,97/tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS).
No campo, sojicultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do norte do Paraná ficaram atentos à qualidade do grão, devido à grande quantidade de soja ardida causada pelo excesso de chuva. Já no Norte e Nordeste do País, a produtividade foi baixa, deixando produtores atentos, já que as poucas chuvas prejudicaram o desenvolvimento do grão.
No geral, o ritmo de negócios esteve maior em março, mas não envolveu volumes muito expressivos. Nas primeiras semanas de março, vendedores deram preferência ao cumprimento de contratos já efetuados, inclusive aqueles que teriam vencimento daqui a dois ou três meses.
No primeiro trimestre de 2016, foram exportadas 10,8 milhões de toneladas de soja em grão, volume 65,1% acima do embarcado no mesmo período de 2015, segundo dados da Secex. A maior concentração dos embarques ocorreu em março, quando 8,38 milhões de toneladas de soja foram exportadas. A receita em dólar obtida no primeiro trimestre de 2016 supera em 46,1% a do mesmo período do ano passado, apesar de o preço médio estar 11,5% menor em 2016.
As exportações de farelo de soja somam 3,52 milhões de toneladas de janeiro a março deste ano, 20,2% a mais que o volume de 2015. Em março, especificamente, foram 1,5 milhão de toneladas. Apesar da maior receita obtida em março, na média do primeiro trimestre de 2016, o faturamento em dólar com as exportações de farelo de soja foi 6,4% menor que o do primeiro trimestre de 2015, ainda segundo a Secex.
Para o óleo de soja, os embarques também cresceram em março, mas o volume exportado nos três primeiros meses deste ano (de 222,29 mil toneladas) foi 11,4% inferior ao de 2015. A receita em dólar no primeiro trimestre caiu 21,8%.
Em Chicago, os preços subiram influenciados pelo clima desfavorável ao início do cultivo nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago (CME Group), o contrato Maio/16 da soja em grão subiu 2,1% de fevereiro para março, a US$ 8,8977/bushel (US$ 19,62/sc de 60 kg). Para o farelo de soja, o contrato Maio/16 teve média de US$ 268,69/tonelada curta (US$ 296,17/t) em março, 1,7% acima da de fevereiro. No mercado de óleo de soja, o mesmo vencimento teve forte alta de 3,9%, a US$ 0,3238/lp (US$ 713,85/t). As valorizações do óleo de soja estiveram atreladas à firme demanda e à menor produção de óleo de palma na Malásia.