Há diversos indicadores que auxiliam na determinação da saúde financeira dos empreendimentos.
Para uma análise global do negócio, recomenda-se que seja considerada uma gama de critérios, já que a utilização de um único indicador pode encobrir fragilidades e riscos do negócio.
Daremos continuidade, nesta edição, a uma série de artigos dedicados especialmente aos indicadores financeiros. O conteúdo apresentado foi resumido, adaptado e complementado a partir de informações publicadas pelo Departamento de Extensão Rural da Universidade de Michigan.
Os indicadores financeiros foram divididos segundo cinco critérios: liquidez, solvência, lucratividade, capacidade de repagamento e eficiência financeira.
Dividimos o assunto em três textos. Na primeira edição dedicada ao assunto, abordamos os indicadores de liquidez e solvência. Para acessar o material clique aqui.
Nesta edição, a segunda, abordaremos os indicadores dedicados à análise do lucro. Vamos a eles.
Lucro líquido
O lucro líquido indica a quantidade de dinheiro gerado pela operação, após os descontos dos custos fixos e variáveis.
A equação a seguir determinará o indicador em questão:
Lucro líquido = receita total - desembolsos totais - depreciação
O lucro líquido é medido em reais. Este é um dos mais fáceis indicadores para se analisar - quanto maior o número, mais retorno sobre o investimento para os proprietários do negócio.
A questão que deve ser respondida pelo proprietário ao olhar este número é: o lucro líquido da atividade valeu o investimento em ativos, insumos, mão de obra e gestão?
Essa pergunta nos leva aos próximos indicadores.
Lucratividade (ou margem de lucro)
A lucratividade, ou margem de lucro, mostra a participação do lucro líquido na receita bruta.
Lucratividade = lucro líquido / receita bruta
Este indicador, expresso em porcentagem, mostra o quão eficiente é um negócio. Uma baixa margem de lucro pode ser causada por uma única variável ou múltiplas variáveis combinadas, como custos elevados, baixo preço do produto vendido ou simplesmente ineficiências operacionais.
Em linhas gerais, em negócios agropecuários, se a lucratividade for superior a 30,0% o negócio é sólido. Margens de lucro inferiores a 20,0% merecem atenção e níveis abaixo de 10,0% são preocupantes, mas a escala de produção deve ser levada em conta nesta análise.
Rentabilidade (taxa de retorno sobre o capital médio)
A rentabilidade mostra a relação entre lucro líquido e o capital médio da fazenda.
Rentabilidade = lucro líquido / capital médio
O capital médio, por sua vez, é calculado através do somatório da média do valor inicial e o valor final de todos os ativos intermediários (veículos, equipamentos, etc.) e imobilizados (infraestrutura e terra).
Capital médio = (valor inicial+ valor final) / 2
Aqui cabe a ressalva que incluir a terra ou não na conta é uma decisão do produtor e depende da particularidade de cada operação.
A rentabilidade é medida através de porcentagem. Este indicador facilita a análise do resultado, permitindo que o empresário compare o resultado frente ao capital investido em sua atividade com outras opções de mercado.
Rentabilidades acima de 8,0% ao ano, incluindo a terra, podem ser consideradas muito boas para atividades agropecuárias.
Rentabilidades inferiores à citada são comuns, e para a análise do custo de oportunidade, deve-se ter em mente que a liquidação do patrimônio a preços de mercado (principalmente terra) é difícil ou leva tempo, fato que deve nortear qualquer decisão envolvendo a migração de atividades.
Além disso, a terra tende a ganhar valor ao longo do tempo.
Considerações finais
Apresentamos algumas das ferramentas utilizadas para avaliação financeira de operações agropecuárias, notadamente os aspectos ligados à análise do lucro das empresas.
Cabe ao gestor definir quais indicadores serão calculados e o ponto crítico deles, de acordo com a realidade operacional do negócio.
Na terceira e última edição dedicada aos indicadores apresentaremos aqueles dedicados à capacidade de repagamento e eficiência financeira. Não deixe de ler.