Em maio, os preços de soja e farelo de soja registraram fortes elevações diante da firme demanda mundial. A forte quebra na produção na Argentina - estimada de oito a 10,0 milhões de toneladas - e o consequente menor processamento do grão naquele país deslocaram compradores de soja para os outros dois principais países produtores do grão, Estados Unidos e Brasil.
A firme demanda, especialmente por parte do mercado internacional, elevou os prêmios de exportação de soja, farelo e óleo em maio. Segundo a Secex, 30,8 milhões de toneladas de soja em grão foram embarcadas pelo Brasil neste ano, 37,3% superior ao mesmo período de 2015. Somente em maio, as exportações do grão somaram 9,91 milhões de toneladas, 2,0% inferior às de abril, mas 6,0% superiores às de maio/15 - foi, também, o maior volume já embarcado em um mês de maio. O principal comprador foi a China, que adquiriu mais de 7,0 milhões de toneladas só em maio. O preço médio pago pelas exportações de soja subiu 3,23% em relação a abril, indo para R$77,06/sc de 60kg (dólar de R$3,537).
O Brasil exportou 6,87 milhões de toneladas de farelo de soja de janeiro a maio, 20,4% a mais que no mesmo período do ano passado. Apenas em maio, os embarques de farelo de soja superaram em 34,8% os de abril e em 21,4% os de maio/15, totalizando 1,92 milhão de toneladas - o maior volume desde junho de 2004, conforme a Secex. O preço médio pago pelo derivado foi de R$1.213,68/tonelada, 8,13% superior ao de abril.
Ainda segundo dados da Secex, o Brasil exportou 476 mil toneladas de óleo de soja nos primeiros cinco meses deste ano, 3,8% abaixo do embarcado no mesmo período de 2015. Apesar das vendas mais fracas deste derivado em 2016, as exportações de maio estiveram mais que o dobro acima das de abril/16 e 40,4% superior a de maio/15, indo para 178 mil toneladas, o maior volume desde agosto/15. Em maio, o preço médio do óleo de soja foi de R$2.459,17/tonelada, 5,2% acima do de abril.
Diante do bom ritmo dos embarques, compradores brasileiros mostraram dificuldades na aquisição desses produtos. Indústrias brasileiras relataram estoques baixos da soja em grão, o que chegou a limitar um maior volume de processamento, num mês em que a demanda se manteve firme. Nesse sentido, as aquisições no mercado doméstico ocorreram apenas para suprir a demanda imediata.
Nesse cenário, os preços brasileiros subiram expressivamente em maio. A média do Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, na condição transferido corredor de exportação e/ou sobre rodas no porto, na modalidade spot, foi 10,7% maior que a de abril e 29,8% superior que há um ano, com média a R$ 86,43/sc de 60 kg em maio - o maior valor desde setembro/12, em termos nominais e o maior desde setembro/15 em termos reais. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos na BM&FBovespa), o Indicador teve média de US$ 24,43/sc de 60 kg no mês.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, subiu 12,1% entre abril e maio e 32,5% em um ano, indo para R$ 82,29/sc - o maior valor mensal desde setembro/12, em termos nominais, e o maior desde dezembro/13, em termos reais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre abril e maio, os preços no mercado de balcão (recebido pelo produtor) e no mercado de lotes (negociação entre empresas) subiram 12,5% e 14,8% respectivamente. Entre maio/15 e maio/2016, as altas foram de 30,1% e 31,9% respetivamente.
Em maio os preços de farelo de soja estiveram 24,9% superior à de abril e 32,8% maior que a de maio/15, considerando-se as regiões acompanhadas pelo Cepea. Já os preços de óleo de soja estão enfraquecidos no mercado brasileiro. Diante dos elevados patamares do farelo, o esmagamento de soja foi intensificado, gerando óleo em excesso. Além disso, há concorrência na oferta de óleo entre empresas de diferentes estados para o produto posto em São Paulo. O óleo de soja se desvalorizou 1% em um mês, mas é 25,9% superior à média de maio/15, com média de R$2.857,75/tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12,0% de ICMS) em maio/16.
Nos Estados Unidos, sojicultores se preocupam com fenômeno climático La Niña, que, caso confirmado, poderá desfavorecer o desenvolvimento das lavouras daquele país. Com isso, os produtores aceleraram o ritmo de cultivo em maio. Dados do USDA indicaram que 73,0% da área havia sido semeada até o encerramento de maio, acima da média dos últimos cinco anos (66,0%) e também no mesmo período de 2015 (68,0%).
Na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro vencimento da soja em grão subiu significativo 9,8% entre abril e maio, a US$10,5736/bushel (US$ 3,31/sc de 60 kg). Para o farelo de soja, o primeiro vencimento finalizou a US$368,39/tonelada curta (US$ 406,08/t), expressivos 23,9% acima do registrado em abril. Já no mercado de óleo de soja, o mesmo vencimento teve queda de 5,5% na média do mês, a US$0,3207/lp (US$ 707,03/t).