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Maior competitividade para a carne bovina e esperança para o fim do ano

por Gustavo Aguiar
Terça-feira, 20 de setembro de 2016 -14h00

Este não tem sido o que podemos chamar de ano favorável para carne bovina.


Do início de janeiro até o início de agosto, a cotação da carcaça de bovinos castrados caiu 17,4% no mercado atacadista de São Paulo, saindo de R$10,06/kg para R$8,31/kg.


Com isso, a diferença entre o custo de matéria-prima (boi) e a receita dos frigoríficos que não desossam atingiu as mínimas da série histórica da Scot Consultoria, que se inicia em 2003.


Contudo, ao mesmo tempo, outras movimentações muito importantes também ocorreram no mercado, sobretudo de junho a meados de agosto (fechamento deste artigo): a forte recuperação de preços das carnes de frango e suína no atacado.


Na média mensal, de maio a meados de agosto, as carcaças de frango e suína subiram 25,5% e 30,1%, nesta ordem. Neste mesmo período, o boi casado recuou 6,5%. 


Figura 1.
Preços médios mensais para as carcaças bovina, suína e de frango no mercado atacadista de São Paulo em 2016. Janeiro=base 100.


Dessa forma, a competitividade da carne bovina teve considerável incremento, principalmente a partir de maio.


Para efeitos de comparação, com o valor de um quilo de carcaça bovina era possível adquirir 2,8 quilos de frango e 1,9 quilo de suíno em maio.


Em agosto, na média até a terceira semana, estas relações caíram para 2,2 quilos de frango e 1,5 quilo de suíno, reduções de 23,0% e 20,2%, respectivamente.


A restrição produtiva para a carne suína e de frango, estimulada sobretudo pelas valorizações expressivas do milho, colaborou para este ajuste. A migração de parte do consumo da carne bovina para estas proteínas é outro fator.


O que esperar para os próximos meses?


O ajuste produtivo ocorrido para o frango e suíno não deve se desfazer em curto prazo, já que a pressão de custos deve permanecer sobre estas cadeias. Assim, do lado da oferta ainda deveremos ter um mercado enxuto.


Com uma concorrência mais acirrada entre as proteínas animais, ao menos uma parte do consumo pode se deslocar de volta para a carne bovina, contando com uma ajuda da maior demanda sazonal no segundo semestre.


Com isso, poderemos ter um estímulo à correção do desajuste entre preço da carne bovina e do boi gordo, ficando mais fácil imaginar um cenário para altas sustentadas para o boi até o fim do ano.


Veremos!


Fonte: Revista Agron. Ano 4, no. 42. Setembro 2016.