O IPCA-15, prévia da inflação oficial, apresentou variação de 0,19% na passagem de setembro/16 para outubro/16, de acordo com o dado divulgado pelo IBGE. O indicador desacelerou em relação ao mês anterior, quando havia apresentado variação de 0,23%. Analogamente, na comparação com o mesmo mês do ano anterior (outubro/15: 0,66%) a taxa foi muito menor.
A inflação acumulada em 12 meses seguiu sua tendência de queda, recuando de 8,78% em agosto para 8,27% nesta leitura. O resultado de outubro foi ligeiramente inferior ao esperado, visto que a Parallaxis esperava 0,21%, mesma taxa esperada pela mediana das projeções do mercado. O desvio em relação ao efetivo aconteceu devido a inflação do grupo de Habitação e Transportes levemente mais alta que o esperado.
Dentre os nove grupos que compõem o indicador, 6 grupos ajudaram a desaceleração de 0,04 p.p. na passagem do mês, sendo este: Alimentação e bebidas (de -0,01% para -0,25%); Despesas pessoais (-0,08% para -0,12%); Saúde e cuidados pessoais (0,53% para 0,28%), Artigos de Residência (0,25% para -0,31%, Vestuário (0,49% para 0,36%) e Educação (0,25% para 0,06%). No sentido oposto, avançaram as taxas de inflação dos grupos: Transportes (-0,10% para 0,67%), Habitação (0,48% para 0,60%) e Comunicação (-0,01% para 0,28%).
Olhando a contribuição para o indicador por grupos e por ordem de impacto, temos: Transportes (0,12 p.p.), Habitação (0,09 p.p.) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,03 p.p.), que juntos foram responsáveis por 0,24 p.p. de impacto.
No grupo Transportes, a importante pressão inflacionária veio dos itens etanol (3,38%), gasolina (0,80%) e das passagens aéreas (10,36%). Já em Habitação, o destaque ficou por conta dos itens botijão de gás (3,55%), aluguel residencial (0,39%), condomínio (0,39%) e taxa de água e esgoto (0,39%).
No grupo Alimentação e Bebidas, que avançou no território deflacionário, destacaram-se os itens Leite longa vida (-8,49%), Batata-inglesa (-13,03%), Feijão carioca (-6,17%), Hortaliças e verduras (-6,18%) e Frutas (-0,99%), que foram compensados parcialmente pela elevação dos preços das Carnes (2,45%).
Nos demais itens, destacaram-se com pressão altista os preços de Plano de Saúde (1,07%), Empregado Doméstico (0,87%) e Conserto de Automóvel (1,56%), itens que ajudaram a empurrar marginalmente a inflação de serviços de 0,43% em setembro/16 para 0,46% em outubro/16.
Para o IPCA fechado de outubro/16, a tendência é que a inflação acelere marginalmente, com a continuidade da pressão dos grupos de Transportes, Habitação e Vestuário, os dois primeiros por eventos pontuais e o terceiro devido a sazonalidade. Por outro lado, devem permanecer aliviando o indicador os grupos de Alimentação e Bebidas, Despesas Pessoais e Artigos de residência. A princípio, nossa projeção é de 0,25%.
Também é importante ressaltar que os preços livres apresentaram a menor taxa mensal (0,07%) nesta leitura desde agosto/10. Nossas projeções para o IPCA seguem em 7,0% para 2016 e 4,8% em 2017.
Sobre a trajetória de juros, finalmente o BC/COPOM iniciou a redução dos juros, mesmo que a passo de tartaruga, cortando 25 pontos base na reunião desta semana. E acreditamos que o comitê deverá intensificar o corte, diminuindo a Selic em 50 pontos base na reunião de novembro, o que levaria a Selic ao patamar de 13,50% a.a. no final deste ano. Esse aumento no ritmo de redução dos juros é crucial para colocar a taxa de juros real em território menos contracionista e auxiliar a recuperação e o processo de desalavancagem do setor privado. Temos observado que se inflação seguir surpreendendo para baixo, ou seja, recuando em ritmo mais intenso e não acompanhada da redução dos juros em magnitude próxima, a taxa de juros real pode aumentar no curto prazo.
O baixo nível de atividade, confirmada pela piora dos indicadores em agosto, a distensão do mercado de trabalho e a queda dos salários reais, juntamente com o recuo dos preços de alimentos, já estão exercendo pressão deflacionária significante no curto e médio prazo. Além do mais, as expectativas de mercado para inflação seguem bastante comportadas e em trajetória de queda.
Em tempo, destacamos que neste ciclo de queda de juros o comitê poderá agir agressivamente, reduzindo a Selic para 10,50% a.a. ao fim de 2017, em virtude dos fatos supracitados, sem peso na consciência, de maneira que a economia poderá crescer sem gerar forças inflacionárias.