O ABATE DE MATRIZES, A OFERTA DE BEZERROS E A DE BOI GORDO
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O primeiro parâmetro que precisamos analisar para entender o ciclo pecuário é o abate ou retenção de matrizes. Esses movimentos geram choques distintos na cadeia pecuária.
Em tempos de queda de preço da arroba do boi gordo, para gerar receita o pecuarista abate fêmeas.
A queda da cotação do bezerro reforça este cenário, pois fica desinteressante a manutenção de matrizes.
Com o tempo, o abate de fêmeas faz com que a oferta de bezerros e consequentemente de boiadas terminadas, caia.
Com a menor oferta de bovinos o preço reage.
Com as altas nos preços, fica interessante a produção de bovinos para reposição e para tanto a retenção de matrizes acontece. Essa queda da oferta de fêmeas para o abate é que faz com que os preços subam.
Dessa forma, em fase de baixa nos preços a participação das fêmeas na composição do abate é maior. Já na fase de alta, a participação é menor. Veja a figura 1.
E ONDE ESTAMOS?
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A partir de 2014, observou-se um menor número de fêmeas nos abates. Veja a figura 2.
Os resultados da retenção aparecem após algum tempo. A partir de 2016 a oferta de bezerros aparentemente aumentou. Entretanto, esse volume deverá ser mais significativo a partir de 2017, já que a participação de fêmeas no abate caiu 2,9 pontos percentuais em 2015.
De janeiro de 2013 a dezembro de 2015 a cotação do bezerro desmamado com seis arroba subiu 85,7%, em valores nominais. Já de janeiro a novembro de 2016 caiu 8,1%, considerando a média de todos os estados pesquisados pela Scot Consultoria. Considere a possibilidade dessa queda de preço ter sido motivada pela falta de compradores em função da falta de pastagens e, nesse caso, a oferta de bezerros não aumentou.
Para o mercado do boi gordo, o cenário foi de baixa oferta, mas com a demanda estável a alta foi modesta, de 1,5% entre janeiro e novembro de 2016. No período a inflação foi de 5,8%, ou seja, houve perda real de valor.
Com oferta limitada, os preços poderiam ter subido se não fosse o quadro de recessão econômica, principalmente no segundo semestre. Veja figura 3.
O próximo ano será de transição e nesse caso os preços deverão se comportar conservadoramente, com as cotações oscilando abaixo da inflação.