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Carta Grãos - Câmbio influenciando a exportação de milho

por Rafael Ribeiro
Terça-feira, 21 de fevereiro de 2017 -16h00


A exportação está em ritmo abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.


Até a segunda semana de fevereiro, o embarque foi de 310,76 mil toneladas (MDIC). A média diária foi de 38,84 mil toneladas exportadas, 86,3% menos que em igual período de 2016.


Lembrando que em janeiro, a exportação já havia caído 70,3%, frente ao volume exportado em janeiro do ano passado.


Se este ritmo continuar, a estimativa é de que sejam exportadas 699,20 mil toneladas de milho em fevereiro, o que representaria uma queda de 87,0% na comparação com o mesmo mês de 2016. Veja a figura 1.


Figura 1.
Exportações brasileiras de milho em 2016 e 2017, em milhões de toneladas.



Observação: fevereiro de 2017 = estimativa.
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços / Compilado pela Scot Consultoria


Os dois principais fatores dessa retração foram: primeiro, a baixa disponibilidade interna, neste início de colheita da safra de verão 2016/2017. O estoque oriundo da temporada passada, de 7,75 milhões de toneladas, é o menor desde 2012/2013.


O segundo ponto está relacionado com o câmbio. As recentes quedas do dólar em relação ao real prejudicaram a exportação e reduziram a competição no mercado internacional.


Em fevereiro, o preço médio do milho brasileiro exportado foi de US$178,48 por tonelada (MDIC). Para uma comparação, o milho norte-americano está cotado em US$144,88/ tonelada (CBOT), 18,8% menos que o produto brasileiro.


Considerando estes valores, o dólar teria que chegar a R$3,82 para o preço do milho nacional se equiparar ao norte-americano. Na última segunda -feira (20/2), o dólar estava cotado em R$3,10, o que significaria uma valorização de 23,2%, em relação à cotação atual.


No boletim Focus de 17 de fevereiro, o Banco Central estimou um dólar médio de R$3,20 para 2017, ou seja, abaixo do nível de remuneração apresentado.


Considerações finais


Para a temporada 2016/2017, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou as exportações brasileiras em 24 milhões de toneladas.


Este volume é 27,0% maior que as 18,89 milhões de toneladas embarcadas em 2015/2016, mas 20,5% abaixo do recorde de 2014/2015, cujo volume foi de 30,17 milhões de toneladas.


Estes valores deverão sofrer revisão para baixo nos próximos relatórios, diante, principalmente, da questão cambial e menor competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.


A exportação mais fraca e o aumento da produção na temporada 2016/2017 são os principais fatores de baixa para as cotações no mercado interno. 


De qualquer maneira, é preciso ficar atento ao clima e ao desenrolar da primeira e segunda safras, que pontualmente podem interferir nos preços no mercado interno.