O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima a produção brasileira de soja.
Previu 108 milhões de toneladas na temporada atual (2016/2017), frente as 104 milhões de toneladas estimadas anteriormente.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por sua vez, estimou a produção brasileira em 107,61 milhões de toneladas.
Na Argentina, apesar das fortes chuvas, o USDA manteve a produção em 55,5 milhões de toneladas no ciclo vigente.
Com o peso da safra na América do Sul, os estoques mundiais (estoques finais) foram estimados em 82,82 milhões de toneladas em 2016/2017, recorde. Veja a figura 1.
Figura 1.
Estoques mundiais de soja grão, em milhões de toneladas.
Fonte: USDA / Compilado pela Scot Consultoria
Nos Estados Unidos, o USDA estimou que a soja deverá ocupar 35,61 milhões de hectares em 2017/2018. Se confirmada essa área, será recorde.
Os estoques de passagem maiores e a expectativa de aumento da área semeada nos Estados Unidos são fatores de baixa para os preços da commodity este ano. O mercado reagiu com queda nas cotações no mercado internacional, após a divulgação dos números do USDA.
Na bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros estão cotados entre US$10,00 e US$10,20 por bushel1 (14/3). O USDA projeta um preço médio de US$9,60 por bushel na temporada 2017/2018, ou seja, queda em relação aos preços vigentes.
MILHO
Estão previstos 36,92 milhões de hectares semeados nos Estados Unidos este ano, uma redução de 4,3% em relação a 2016/2017.
A recomposição dos estoques mundiais, devido ao aumento da produção nos principais países produtores em 2016/2017, fez a cotação cair, o que deverá diminuir a intenção de plantio em 2017/2018.
O preço médio para este ano está estimado em US$3,50/bushel2 de milho, segundo as projeções do USDA. Apesar da previsão de uma menor área, os estoques elevados deverão manter os preços próximos dos patamares atuais, com possibilidade de quedas.
Na bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros estão cotados entre US$3,50 e US$3,80 por bushel (14/3).
PRODUÇÃO E ESTOQUE NO BRASIL
Segundo o último relatório da Conab, na safra de verão, em fase de colheita, estão prevista 29,30 milhões de toneladas, 13,3% mais que o colhido na safra passada.
A produção na segunda safra está estimada em 59,67 milhões de toneladas. São 46,7% ou 18,99 milhões de toneladas a mais que em 2015/2016.
Tabela 1.
Área, produtividade e produção de milho, em mil toneladas.
Fonte: Conab / Compilado pela Scot Consultoria
Com isso, os estoques internos foram revisados para cima.
O volume está estimado em 17,34 milhões de toneladas ao final de 2016/2017, frente as 15,56 milhões de toneladas estimadas em fevereiro.
Na comparação com a situação no final da safra passada, cujo estoque foi de 7,99 milhões de toneladas, o volume previsto para 2016/2017 deverá ser 117,1% maior ou 9,37 milhões de toneladas.
Esta diferença corresponde a 16,7% da demanda interna por milho, estimada em 56,10 milhões de toneladas nesta temporada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior disponibilidade de milho na temporada é o principal fator de queda de preço no mercado interno.
Em curto e médio prazos, o clima e o andamento da colheita da primeira safra (pensando na oferta) e o plantio da segunda safra deverão ditar o ritmo do mercado.
A previsão é de pressão de baixa sobre as cotações a partir de maio/junho, com a safra de verão colhida e dados consolidados acerca da segunda safra.