Os preços dos animais vivos prontos para o abate tiveram forte recuo em São Paulo, desde a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março. As maiores perdas foram registradas no preço do suíno vivo, que é aquele vendido dos produtores para os frigoríficos.
A indicação cedeu 12,0%, de R$4,75/kg para R$4,20/kg, de acordo com a média dos preços apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), pela Scot Consultoria e pela Bolsa de Suínos de São Paulo. Já o valor do frango vivo recuou 3,0% na granja e o da arroba do boi gordo cedeu em média 3,4% – neste caso inclui-se a apuração da Informa Economics FNP e da XP Investimentos.
Para a analista da Scot Consultoria Juliana Pila, o recuo mais acentuado para os suínos ocorrem em razão da dinâmica específica deste mercado, mais sensível às oscilações. Há ainda questões sazonais, como o período de Quaresma. “A operação não influenciou muito no consumo interno, mas frigoríficos ficaram mais cautelosos”, afirmou.
Ela ressalta também que o segmento já vinha em uma toada de queda de preços e que fatores sazonais, como a entrada da segunda quinzena do mês, com queda do poder aquisitivo, também pressionaram os preços. “O consumo já se encontrava prejudicado e ainda não há perspectiva de mudança no cenário, assim como para as outras proteínas”, afirmou.
No atacado, também na média de São Paulo, a carcaça suína amargou uma queda 7,6% após a operação, indo de R$6,93/kg para R$6,40/kg.
O Cepea aponta que, mesmo com a queda nas cotações do milho, os fortes recuos nos preços do suíno limitaram ou até mesmo anularam os ganhos no poder de compra do produtor na parcial deste mês, na comparação com fevereiro. “Frente a março de 2016, no entanto, os patamares atuais estão mais elevados, em termos nominais”, disse o centro de estudos.
Com as suspensões temporárias às exportações de carnes brasileiras e a consequente apreensão no mercado doméstico, os preços para o frango também recuaram e resultaram em incertezas entre os produtores. No atacado paulista, a carcaça ficou, em média, 8,5% mais barata, passando de R$3,77/kg para R$3,45/kg.
No caso do boi gordo, mesmo sendo a proteína menos citada nas investigações, o preço da arroba vem cedendo a cada dia desde o dia 17 de março. Apesar de as indicações transitarem atualmente em R$138 e R$140/arroba no Estado de São Paulo, há no mercado tentativas de compras bem abaixo desses valores, na casa dos R$133/arroba, sendo que, antes da Carne Fraca, a média era de R$145/arroba.
O anúncio, na quarta-feira, 29/03, de férias coletivas em 10 de 36 unidades de abate de bovinos da JBS adicionou mais pressão ainda sobre os preços. “As empresas estão tateando o mercado, especulando. Até que ponto isso vai durar ainda não sabemos”, afirmou o analista Breno de Lima, da Scot Consultoria. “Vemos que quando a oferta é muito abaixo da referência, pecuarista não vende”, disse.
No atacado, o quilo da carcaça bovina cedeu, em média, 4,6% em São Paulo. No entanto, para Lima, este recuo está mais atrelado à descapitalização da população. “A carne bovina tem elevada elasticidade de renda e devido a isso o consumo é muito sensível”, afirmou.
Já no varejo, analistas têm apontado uma mudança no comportamento, um efeito particular da “crise da Carne Fraca”. Há, atualmente, uma preferência pela carne com osso, aquela que é “desmontada na sua frente”, em detrimento daquela que já vem embalada. Assim, houve menos venda de carne já desossada nos últimos dias.
Por: Camila Turtelli - Agência Estado
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