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Comportamento atual e expectativas para os próximos meses no mercado de grãos

por Terraviva DBO na TV
Sexta-feira, 28 de abril de 2017 -14h25


Sidney Maschio:
Começando pelo farelo se soja, Rafael, como é que o produto está sendo negociado hoje?


Rafael Ribeiro: Segundo levantamento da Scot consultoria, em São Paulo, o preço médio do farelo de soja na segunda quinzena de abril foi de R$1.070,00 por tonelada, sem o frete. O menor valor encontrado foi de R$850,00 por tonelada. Os preços caíram nas últimas quinzenas, mas em abril o ritmo de queda nas cotações diminuiu.


Sidney Maschio: Comparando com esta mesma época do ano passado, a diferença está bem pequena, não é? Por que, Rafael?


Rafael Ribeiro: Na média os preços caíram 2,0% em relação a abril de 2016. Preços do farelo de soja acompanhando os recuos até então do preço da soja.


Mas cabe destacar que foi justamente a partir de abril de 2016 que as cotações subiram e esta alta perdurou até julho do ano passado, quando teve início o movimento de baixa.


Sidney Maschio: O que é que está “pondo freio” na queda do preço?


Rafael Ribeiro: Os preços mais firmes no mercado internacional, em função da demanda mundial aquecida, período de entressafra norte-americana, e situação de clima nos Estados Unidos (chuvas), que tem atrapalhado a semeadura de milho e soja.


Sidney Maschio: O que você acha que vai acontecer com o farelo de soja nas próximas semanas, Rafael?


Rafael Ribeiro: Em curto prazo, a expectativa é de mercado mais firme, não estão descartadas altas de preços no mercado internacional e brasileiro.


Vai depender, além dos fatores citados, do dólar. Na bolsa de chicago (CBOT), os contratos com vencimentos em julho e agosto/17 apontam para alta de preços do farelo de soja: US$313,70/t e US$315,00.


Sidney Maschio: O comportamento do dólar em relação ao real pode mudar alguma coisa nesta previsão?


Rafael Ribeiro: O câmbio interfere diretamente nos preços da soja grão e do farelo de soja no mercado interno. Um cenário de alta do dólar refletiria em aumento dos preços em reais


Sidney Maschio: Rafael, mudando um pouco o rumo da conversa, como é que está hoje o mercado do milho?


Rafael Ribeiro: Preços mais firmes, em função da ponta vendedora mais resistente em vender nos atuais patamares de preços e também após a divulgação do governo que irá ajudar na comercialização do cereal.


Sidney Maschio: Somando a primeira e a segunda safras, como é que deve ficar a produção nacional deste ano agrícola?


Rafael Ribeiro: No relatório de abril a CONAB estimou 91,46 milhões de toneladas em 2016/2017, 37,5% mais que o colhido na safra passada. Os estoques estão estimados em 19,32 milhões de toneladas na temporada, mas devem ser revisados nos próximos relatórios, com a do governo na comercialização.


Sidney Maschio: O governo anunciou a intenção de comprar um milhão de toneladas de milho para ajudar a enxugar o mercado. Isso muda alguma coisa na situação atual?


Rafael Ribeiro: Sim, ajuda na liquidez do mercado interno e colabora com preços mais firmes.


Sidney Maschio: Por que as exportações brasileiras de milho diminuíram tanto do ano passado para cá?


Rafael Ribeiro: Menor competitividade com o milho norte-americano, principalmente. A tonelada do milho brasileiro exportado em abril ficou ao redor US$176,00. Para uma comparação, o milho norte-americano está cotado entre US$140,00-150,00 por tonelada.


Sidney Maschio: Juntando tudo isso que a gente falou de soja e milho, a situação é favorável para quem está comprando, não é? Qual vai ser a influência disso no mercado do boi, especialmente no caso do confinamento?


Rafael Ribeiro: Isso mesmo, acredito que quem deixar mais para frente poderá encontrar um cenário de preços mais firmes, tanto para o milho como para o farelo de soja. De qualquer maneira, acredito que não tem espaço para que este ano os preços retornem aos patamares de 2016.


Sidney Maschio: E pro setor leiteiro, rafael, dá para apostar que essa queda no custo da alimentação da vacada vai ter como resultado um aumento da produção numa toada mais ligeira até do que a gente está vendo hoje?


Rafael Ribeiro: A queda nos custos dos alimentos somada a alta de preço do leite ao produtor melhorou a margem da atividade nos últimos meses. Este quadro acaba incentivando o produtor de leite em investir na alimentação. De qualquer maneira, pelo fato do produtor vir de dois anos de situação complicada da atividade, eu acredito que os investimentos acontecerão, mas de forma ainda comedida em 2017.