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Carta Grãos - De olho no mercado de milho

por Rafael Ribeiro
Quarta-feira, 3 de maio de 2017 -15h15

O ritmo de queda da cotação diminuiu a partir de meados de abril no mercado interno. As cotações andaram de lado ou reagiram ligeiramente.


A sustentação das cotações aconteceu em função da ponta vendedora estar menos disposta a negociar nos atuais patamares de preços, o que desacelerou os negócios.


Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas, em São Paulo, a saca de 60 quilos está cotada em R$28,00, para a entrega imediata, sem o frete, frente a negócios próximos de R$27,00 por saca no começo de abril.


Ainda assim, na comparação com a média de março, o preço do milho caiu. Na comparação com abril do ano passado, a cotação está 42,0% menor em São Paulo. Veja a figura 1.



Com as quedas acumuladas desde o começo do ano, no Centro-Oeste principalmente, as cotações estão próximas dos preços mínimos, ou seja, que cobrem os custos de produção da atividade. Em Mato Grosso, na região de Sapezal e Lucas do Rio Verde, no mercado físico, a referência está entre R$16,50 e R$17,00 por saca de 60 quilos.


A cotação considerada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para executar as operações ligadas à política de garantia de preços mínimos é de R$19,21 por saca de 60 quilos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (exceto Mato Grosso).


Em Mato Grosso e Rondônia o preço mínimo é de R$16,50 por saca, bem próximo do valor de referência em algumas áreas de Mato Grosso.


Já na região Norte (exceto Rondônia), no oeste da Bahia, no sul do Maranhão e no sul do Piauí o preço mínimo é de R$21,60 por saca. Nas demais áreas do Nordeste esse valor é de R$24,99 por saca.


EXPECTATIVAS


A menor intenção de negociar dos vendedores nos preços vigentes, e o anúncio de que o governo federal ajudará na comercialização através de leilões e compras para estoques reguladores, poderão diminuir a pressão de baixa em curto prazo, até que a colheita da segunda safra ganhe ritmo.


De qualquer maneira há a segunda safra para chegar ao mercado, o que poderá pressionar os preços para baixo até setembro.


O mercado dependerá também de quanto volume será escoado através da ajuda do governo. Considerando os estoques em 19,32 milhões de toneladas, estimados em abril pela Conab para a temporada 2016/2017, serão necessárias a intervenção na comercialização de dez milhões de toneladas para trazer os estoques à média histórica.



Outro ponto importante está relacionado ao clima favorável este ano e que deverá garantir boas produtividades na segunda safra. De qualquer maneira, estamos no período de ocorrência de geadas, cujas notícias sempre trazem algum reflexo para o mercado do milho.


No mercado futuro da B3, os contratos com vencimentos em maio/17 fecharam cotados em R$28,07 por saca (2/5). Para setembro/17, o mercado sinaliza uma saca de R$27,50 em São Paulo, o menor preço para o segundo semestre. Veja a figura 3.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Por fim, em função do aumento dos estoques, da produção maior e da demanda fraca, principalmente para exportação, o mercado poderá apresentar movimentos que merecem a atenção tanto do consumidor de milho, como do agricultor que ainda não negociou a produção.


Para o consumidor, deixar para a última hora para comprar não é um bom negócio, pois dependendo dos fatores citados o mercado poderá ganhar certa sustentação.


Para o agricultor, atenção às oportunidades de venda que podem aparecer em curto e médio prazos.