O primeiro giro do confinamento está prestes a começar.
O consenso é de custos menores para a operação este ano, a começar pelo boi magro, que termina abril com cotação 10,0% menor que há um ano, considerando a média de todos os estados pesquisados pela Scot Consultoria. E a expectativa é que os recuos continuem.
O milho, cuja cotação esteve elevada em 2016, também aliviou o bolso do invernista este ano. É esperada uma safra brasileira 16/17 quase 40,0% maior que a anterior, o que se soma à boa produção norte-americana.
Mas, diferente do item reposição - cuja cotação é uma referência que entra diretamente no cálculo de custo da operação -, a cotação da saca do milho é um componente de custo da dieta total, que será somado aos demais ingredientes, agregado aos custos operacionais e à sanidade para então compor o custo final da diária do confinamento.
Sem contar que há diversas combinações de insumos, varias dietas, com mais ou menos milho, com diferentes opções de volumoso e concentrados proteicos. Ou seja, quem precisa calcular a viabilidade do confinamento para decidir por confinar ou não, precisa resolver estas variáveis.
O que queremos dizer é que saber quanto custa uma saca do grão, por si só, pouco ajuda na decisão de confinar ou não.
A partir de parâmetros produtivos médios e do preço do boi magro nos cinco principais estados confinadores, expomos uma ideia do custo de diária (dieta, operacional e sanidade) que viabiliza o primeiro giro do confinamento.
Testamos diárias que variam entre si R$0,10/dia. Os parâmetros fixos no exercício foram ganho de peso vivo diário de 1,5 quilos, 90 dias de cocho (entrando no primeiro dia de maio e saindo no último dia de julho), rendimento de carcaça de 55%, um rendimento de ganho de 1,03 quilo, preços de venda do boi igual aquele do vencimento de julho na BM&F Bovespa registrado no dia 20 de abril de 2017 e o diferencial de base médio para julho dos últimos cinco anos.
Veja o resultado na figura 1. Note que em São Paulo, mesmo sendo a cotação do boi magro mais elevada que nos demais estados, por influência do diferencial de base, em estados com o preço da reposição menor há menos espaço para diárias cujos custos sejam mais altos.
Em São Paulo, por exemplo, onde o boi magro era negociado no final de abril por R$1,77 mil/cabeça, o limite de custo por dia do confinamento (dieta, operacional e sanidade) é de R$8,00. No Mato Grosso, o mesmo animal de doze arrobas está cotado em R$1,66 mil/cabeça e o sistema suporta até R$7,10 de gasto diário. No Mato Grosso a saca do milho está sendo vendida 35,0% abaixo da cotação vigente em São Paulo.
Figura 1.
Simulação* de diárias e respectivas Taxas Internas de Retorno (TIR) considerando ganho de peso vivo diário de 1,5 quilos, 90 dias de cocho, rendimento de carcaça de 55,0% e um rendimento de ganho de 1,03 quilo.
* Diferencial de base utilizados - Goiás –8,6%/ Mato Grosso do Sul –5,3% / Mato Grosso –9,0% / Minas Gerais –7,6%.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
É claro que as variáveis, se alteradas, mudarão o ponto de equilíbrio deste sistema. Mas, para uma simulção altermos aquela que, na prática, está fora do controle do pecuarista, o rendimento de carcaça.
Veja na tabela 1 como fica o custo da diária limite, para não ter prejuízo, quando diminuímos em um ponto percentual o rendimento. Em Goiás, por exemplo, diárias menores que R$6,00 já entregam prejuízo na operação.
Tabela 1.
Diária limite* do confinamento, antes do prejuízo, considerando dois rendimentos de carcaça.
* Neste exercício foi testado o resultado com diárias variando em R$0,10.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Por fim, este exercício deixa claro que a menos que a cotação da arroba do boi gordo mostre uma recuperação importante no médio prazo, a queda no preço do milho e do boi magro ainda não foram suficientes para deixar “folgado” o retorno financeiro da boiada confinada.