A entressafra e a falta de boi gordo não deveriam estar empurrando o preço pra cima?

Sidnei Maschio: O JBS voltou a comprar boiada em Mato Grosso do Sul nesta terça-feira, dia vinte e quatro. Como que o mercado reagiu a essa retomada, Gustavo?

Gustavo Aguiar: Os agentes do estado se mobilizaram em prol da solução, e a retomada dos abates aconteceu de maneira rápida, o que foi uma boa notícia. Aos poucos, a pressão de baixa está se dissipando, mas ainda existem ofertas abaixo da referência no estado e em regiões vizinhas. De qualquer forma, fora dessas regiões, o mercado já aparenta maior firmeza e alguns reajustes estão sendo registrados.

Sidnei Maschio: Se fosse só pelo calendário, a gente ainda tá no período de entressafra e a falta de boi gordo no mercado deveria estar empurrando o preço pra cima. Por que é que isso não tá acontecendo?

Gustavo Aguiar: Essas notícias pontuais, como a saída das compras da JBS em Mato Grosso do Sul, apesar de terem um caráter momentâneo, interrompem a sequência de mercado e ajudam a explicar a conjuntura atual. De qualquer forma, até esta reta final de outubro, ainda não vimos um estímulo suficiente no mercado da carne, leia-se alta de preços, para justificar a recuperação dos preços do boi. Oferta e demanda parecem estar equilibradas. O que não quer dizer que não deve acontecer.

Sidnei Maschio: E daqui até o fim de dezembro, será que ainda vai dar tempo de repetir a escrita dos últimos anos em relação ao consumo de carne e ao preço do boi?

Gustavo Aguiar: Esse ano está imprevisível, mas não dá para descartar que essa recuperação ainda ocorra. Já vimos a recuperação de alguns indicadores econômicos nos últimos meses, e um aquecimento da economia em novembro e dezembro não seria um espanto. A questão é que, diante de um ano tão conturbado, em plena fase de baixa do ciclo, devemos ser, no mínimo, conservadores quanto às expectativas.

Sidnei Maschio: você tá enxergando alguma possibilidade de uma alta geral no mercado em 2018?

Gustavo Aguiar: O próximo ano ainda deve ser de cautela. Com os preços do bezerro em patamares baixos, na comparação com os últimos anos, ainda deveremos ter uma oferta considerável de fêmeas para abate. Porém, é possível que já vejamos uma transição para uma conjuntura de mercado mais firme, provavelmente para 2019. De qualquer forma, ano de eleição presidencial sempre guarda surpresas, é bom ficar atento.

Sidnei Maschio: Gustavo, já tá quase na hora do Encontro dos Analistas, que a Scot vai promover aqui na capital paulista no dia dezessete de novembro, né? O que é que vai ser falado lá, e como é que o pecuarista faz pra participar?

Gustavo Aguiar: Teremos dois blocos de discussão, um dedicado à economia e política, e outro, reservado ao mercado do boi gordo. Será uma ótima oportunidade de discutir os pontos críticos de mercado e ver a opinião de diferentes analistas sobre os rumos do mercado em 2018. As vagas estão no final, não deixem de conferir os detalhes em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeanalistas ou pelo telefone 17 3343 5111.