Há suspeita de focos de febre aftosa em quatro cidades paranaenses: Maringá (1 animal), Grandes Rios (12 animais), Loanda (3 animais) e Amaporã (3 animais).
A contaminação teria acontecido durante a feira agropecuária Eurozebu, em Londrina (PR), entre 4 e 9 de outubro. Isso porque animais sul mato-grossenses, provavelmente infectados com o vírus da aftosa, participaram da feira.
As propriedades já foram isoladas e amostras dos animais suspeitos foram colhidas e enviadas a laboratório, os resultados devem ser divulgados amanhã.
Ao contrário do que o governo apregoa, a situação está fora de controle. Já são 9 focos confirmados no Mato Grosso do Sul e quatro suspeitas no Paraná. Fora isso, animais de algumas cidades paulistas, como Itapetinga, São Carlos e Restinga, também participaram da feira em Londrina.
Vale lembrar que São Paulo responde por quase 60% das exportações de carne bovina do Brasil. Mesmo que a aftosa não chegue ao Estado, será mais difícil derrubar alguns embargos levantados contra as carnes paulistas caso sejam confirmados os casos de aftosa no Paraná. Aí já seriam 2 Estados fronteiriços com a doença.
É preciso considerar também a ameça à Santa Catarina, que faz fronteira com o Paraná e é livre de febre aftosa sem vacinação. Se o vírus chegar lá, será o caos.
O Paraná responde por apenas 6% das exportações brasileiras de carne bovina, mas somando-se aos 12% do Mato Grosso do Sul já se teria uma quebra de 18%, sem considerar os embargos parciais a São Paulo.
Se por um lado, as exportações de carne bovina do Paraná são pouco expressivas, o Estado é o terceiro maior exportador de carne suína, atrás apenas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E os suínos também são suceptíveis à febre aftosa.
Governos federal, estaduais e municipais, além da iniciativa privada, devem agir rápido e com firmeza para evitar estragos maiores. É preciso eliminar os focos, conter o avanço da doença, passar um atestado de credibilidade frente à comunidade internacional e, posteriormente, elaborar planos e políticas públicas para evitar que episódios como esses se repitam.
Nunca é demais lembrar que, mesmo antes dos focos no Mato Grosso do Sul, 61% do mercado internacional, em termos de valor, estava fechado para as carnes in natura do Brasil em função da febre aftosa.
Sem investimentos e políticas que funcionem não será possível evitar que ocorram novos focos da doença, quanto mais erradicar a aftosa do território nacional até 2006, como se apregoava. Parece piada. (FTR)