Podemos dizer que a temporada 2016/2017 foi diferente da temporada 2015/2016.
O clima ajudou e a produção foi recorde na safra que se encerrou, ao contrário da anterior, onde a escassez de chuva resultou em quebra da safra e, consequentemente, oferta restrita.
Na temporada 2016/17, a produção foi de 114,08 milhões de toneladas (CONAB).
Para 2017/2018, em fase de semeadura, apesar da perspectiva de aumento de 2,1% a 4,2% na área com a cultura, a produção deverá ser entre 4,8% e 6,7% menor, resultado da expectativa de queda da produtividade.
Dito isso, vamos aos pontos de atenção para o curto e médio prazo prazos:
Clima
Após um período de estiagem no plantio, as chuvas se normalizaram e estiveram bem distribuídas em todo o país, favorecendo o avanço do plantio nas regiões produtoras, principalmente no Centro-Oeste onde o atraso era maior.
Em curto e médio prazos a expectativa é de clima favorável para a conclusão do plantio e desenvolvimento das lavouras.
De qualquer forma, ainda existem algumas incertezas climáticas, que de alguma maneira poderão afetar o mercado mais adiante.
Exportação
A exportação é recorde, 63,66 milhões de toneladas de janeiro a outubro.
Apesar do dólar em patamares maiores em 2016, a oferta restrita (resultado da quebra da safra) limitou a exportação no ano passado.
Agora, com a produção recorde e a boa disponibilidade do grão, estima-se que o Brasil feche 2017 com cerca de 66 milhões de toneladas embarcadas.
A demanda mundial aquecida, sobretudo do mercado chinês, tem dado suporte às cotações no mercado interno, mesmo com a boa produção.
A exportação recorde reduziu o estoque de passagem, o que poderá influenciar na cotação, no início de 2018, antes da colheita.
A demanda mundial firme tem sido o fator positivo para o mercado da soja.
Câmbio
A relação entre a cotação no mercado brasileiro e o dólar é estreita (alta correlação). Veja a figura 1.
Figura 1.
Preço da soja grão em Paranaguá-PR (R$/saca, eixo da esquerda) e do dólar em relação ao real (R$/US$, eixo da direita).
Fonte: Banco Central e Scot Consultoria – Compilado pela Scot Consultoria
A alta do dólar em novembro, tracionou a cotação em moeda nacional, porém quando o câmbio caiu, a cotação da soja caiu junto.
Segundo o Boletim Focus do Banco Central (24/11), a expectativa é de que no fechamento de 2017 o dólar esteja em R$3,20, e para o fechamento de 2018 em R$3,27. Mas, é importante destacar que qualquer questão política ou policial, como vimos em 2017, poderá mudar esta previsão.
Considerações finais
Com o clima deixando de ser um fator de preocupação, o câmbio deverá ser o principal fator de balizamento dos preços no mercado interno em curto e médio prazos, ou seja, até a colheita, em janeiro/fevereiro de 2018.