Em janeiro, se fosse possível fazer um filtro das expressões mais usadas pelo mundo e separar as mais frequentes, com certeza, a palavra “planejamento” estaria entre elas. Seria seguida por promessas e desejo.
Podemos fazer metas pessoais para 2018, porém, na pecuária, este ano já é passado. Sinto dizer que o bonde da safra de 2017/2018 já era! Não dá para mudar muita coisa mais. Apenas poderão ser implantadas ações emergenciais para resultados que não estejam dentro do esperado. Mas não perca o ânimo da virada de ano. Para a pecuária, o momento é ideal para planejar a próxima safra. É hora de olhar para 2019!
A partir de janeiro, temos seis meses antes do início da safra 2018/2019 que vai de primeiro de julho de 2018 a trinta de junho de 2019. É possível pensar em novas alternativas tecnológicas construindo o que se espera de resultado para o ano seguinte. Na prática, significa pensar, por exemplo, quais seriam as estratégias para enfrentar a seca? Para aumentar o ganho médio diário? Que tipo animal deve-se produzir? Como conseguir um aumento de 25% na taxa de lotação? Normalmente, o pecuarista começa a pensar nessas questões no segundo trimestre e fica com o tempo muito restrito para negociações.
Acredito em um planejamento assertivo para 2018/2019, pois vivemos o melhor momento da pecuária. Digo isso, pois temos um pecuarista profissional que aprendeu muito com a crise da carne de 2017, portanto está fortalecido e maduro como empresário. Ao encontro, estamos na era mais tecnológica da história para a pecuária e temos opção acessível para tudo! São soluções para questões nutricionais, reprodutivas ou de sanidade.
Seja para promover crescimento, melhorar índices reprodutivos ou facilitar o manejo. Voltando aos exemplos, está provado que o pastejo alternado em áreas de boa fertilização e manejo é tão eficiente quanto o rotacionado; há protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) com 60% de taxa média de prenhez. Em confinamento há quem consiga chegar a 1,300 kg de carcaça líquida. Vivemos a era da saúde animal em que as ações preventivas tomaram o lugar das curativas. Os equipamentos e máquinas automatizam muitas funções e programas (softwares) garantem coleta e sistematização de dados com alta confiabilidade.
São muitas opções eficientes, por isso a necessidade do planejamento da próxima safra. É preciso parar e pensar o que realmente vale o investimento para alcançar as metas de cada projeto.
E essas metas não podem querer revolucionar todos os cantos da fazenda. Deve-se escolher, no máximo, três pontos de mudança e esta escolha deve ser potencializadora, ou seja, cujo ajuste impacte positivamente em outras atividades da empresa.
O ideal é buscar soluções que interfiram no ganho médio diário, lotação e taxa de desmame. Lembrando que temos referências que devem ser perseguidas, como, na cria, a produção deve superar 7@/ha/ano; 10@/ha/ano no ciclo completo e 13@/ha/ano na recria/engorda. O ganho médio diário global deve superar as 450 gramas, no ciclo completo e 550 gramas na recria/engorda. Nas contas, deve-se obter pelo menos 30% de margem sobre a venda, ou seja, a diferença entre a receita e a despesa em relação a receita.
Para ajudar a definir a meta, como também nortear qual será a “mudança potencializadora” é preciso trazer a fazenda para a prancheta e saber quanto ela gasta e quanto ganha, com precisão.
Temos que olhar para o boi e para o número. Esse é o segredo da história: aliar a experiência de quem conhece o boi com a sabedoria que o número motiva às cabeças pensantes. Quem olha somente para o boi é como aquele professor que da a nota olhando apenas para o aluno sem considerar as respostas de sua prova.
O momento é legal e animador para o pecuarista que levou um susto em 2017 e começa o ano bem acordado. A pecuária é uma atividade cuja fonte de sucesso não está no tamanho da operação, mas na eficiência e no cuidado com cada processo. A tecnologia vai servir para quem sabe o que quer da vida.
Esse é o caminho para atingir as metas propostas. O ano de 2019 precisa ser pensando hoje. Vamos a ele!