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Carta Grãos - Clima estreita janela do plantio da segunda safra

por Rafael Ribeiro
Segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018 -14h40

 


O Brasil está colhendo a safra de verão e semeando a segunda safra ou safra de inverno.


O ritmo dos trabalhos está lento nesta temporada, em função das chuvas e da elevada umidade do solo, que dificulta o desempenho das máquinas.


No norte de Mato Grosso, por exemplo, choveu entre 400-450 milímetros em janeiro e no Paraná as precipitações ficaram próximas de 400 milímetros no Oeste do estado. Veja a figura 1.



Em fevereiro, as chuvas continuaram, principalmente no Brasil Central (figura 2). Até o dia 18 chovera entre 200 e 250 milímetros na metade norte de Mato Grosso, o que manteve a lentidão dos trabalhos.



Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até o dia 9 de fevereiro, 28,7% da área com soja havia sido colhida no estado, frente aos 45,8% colhidos neste mesmo período na safra passada.


Com o atraso da colheita da safra de verão, a semeadura da safra de inverno também está atrasada. Até então, 27% da área prevista para 2017/2018 foi semeada, frente aos 46,7% da área semeada neste período do ciclo anterior.


No Paraná, as chuvas ficaram entre 50 e 100 milímetros no acumulado de fevereiro. Os volumes menores e mais espaçados permitiram o início da colheita da primeira safra e a semeadura da segunda safra de milho no estado.


No caso do milho de verão, 1,0% da área fora colhida até meados de fevereiro, enquanto a semeadura da segunda safra do cereal atingira 2%, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral).


Previsões e considerações finais


Os atrasos no campo, as variações no dólar e as preocupações com a safra argentina têm dado sustentação às cotações da soja e do milho no mercado interno, em pleno início de colheita.


A expectativa é de que os trabalhos no Brasil avancem em um ritmo mais rápido daqui para frente, com as chuvas mais espaçadas e em volumes menores, especialmente na região Sul do país, onde a previsão estima chuvas entre 30 e 50 milímetros entre os dias 19 e 27 de fevereiro. Veja a figura 3.


Entretanto, no Brasil Central e região Sudeste estão previstas chuvas que podem chegar a 100-150 milímetros no mesmo período.



Para o final de fevereiro e começo de março, as chuvas deverão continuar em boa parte do Brasil (figura 4). Com isso, a expectativa é de que a produção de verão chegue lentamente ao mercado, o que deverá manter os preços firmes em curto prazo, até a colheita ganhar força.


Também existe preocupação com relação ao estreitamento da janela de plantio do milho de inverno (segunda safra) e prejuízos às lavouras, o que mantém o mercado em alerta.


Desta forma, a expectativa é de que a pressão de baixa sobre os preços ganhe força a partir do final de fevereiro e começo de março. Até lá, o mercado deverá ser de preços firmes, no entanto, sem espaço para fortes altas diante dos estoques em bons volumes e aumento da disponibilidade conforme avança a colheita.


Por fim, outros fatores de atenção no mercado de grãos são o câmbio, a demanda mundial e o desenrolar da safra na Argentina, que sofre com as baixas precipitações.