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Prenhez aos 14 meses em um rebanho Nelore

por Leonardo Souza
Terça-feira, 10 de abril de 2018 -09h00


Temos insistido sobre o investimento em precocidade sexual como a ferramenta mais potente para aumentar a quantidade de animais vendidos em um rebanho de cria.


Só é possível vender até 36,7% do total animais de uma fazenda, sem diminuir o tamanho do rebanho se as fêmeas iniciarem a vida reprodutiva aos 14 meses.


Neste texto apresentaremos os resultados de prenhez desta categoria na estação de monta 2017/2018 da BSB Agropecuária, do município de Jussara–GO. Ela pertence ao senhor Elson Castilho e é gerenciada por José Abel e Silva Junior, médico veterinário, nosso contemporâneo na Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás. E, a quem peço que importunem caso necessitem de mais informações sobre o trabalho por ele desenvolvido. Seu contato é 62-99980-6970. Fiquem tranquilos, pois ele já me autorizou e o cara é bom de prosa! Desde já agradeço e parabenizo à BSB pelos dados e resultados alcançados.


O rebanho é composto por animais registrados pela ABCZ, participando do PMGZ, sendo assessorado pelo Divino Humberto Guimarães, que é parceiro do Qualitas desde 2010.


Após a entrada no Qualitas, a BSB focou em aumentar a sua rentabilidade, através da busca pela precocidade sexual e de acabamento dos animais. A partir de 2018, 100% da reposição de matrizes vazias será feita por novilhas que emprenharam aos 14 meses e 100% dos machos já são comercializados até os 24 meses de idade sejam como reprodutores ou seja para abate, no caso dos animais inferiores descartados pelas avaliações visuais e genéticas.


Adotando tecnologias e processos como a correção e adubação dos solos e pastagens, pastejo rotacional, IATF e confinamento estratégico, a BSB torna o seu sistema de produção lucrativo e sustentável, independente da comercialização de reprodutores e matrizes. Isso significa que, se todos os animais forem comercializados para abate, a fazenda é lucrativa e sustentável. E essa é uma filosofia do Qualitas, o selecionador tem que ser o melhor produtor de carne.


Neste sentido a precocidade sexual é fundamental para a lucratividade da fazenda. Seguem as informações e como ocorreram as etapas do processo:


a)    As bezerras nasceram de 1 de setembro a 18 de dezembro de 2016, foram criadas à pasto sem creep-feeding até a desmama no dia 15 de junho de 2017.


b)    No dia 16 de junho foram confinadas até o dia 20 de novembro de 2017. Em seguida foram para o pasto com suplementação proteico-energética na proporção de 0,5% do peso vivo até o final de estação de monta.


c)    O protocolo de IATF começou no dia 30 de outubro. A primeira inseminação ocorreu no dia 10 de novembro.


d)    Em seguida observou-se o cio de retorno do 17o. ao 23o. dia após a primeira IATF. No 29o. dia após a primeira IATF foram feitos os diagnósticos de gestação e reiniciados os protocolos das fêmeas vazias.


e)    No dia 18 de dezembro foi realizada a segunda IATF e após 15 dias foi colocado um touro para fazer o repasse das novilhas até o dia 31 de janeiro de 2018. Com isso a estação de monta terminou com 83 dias.


Vejam as tabelas que nos informam como foi o processo para atingir a prenhez aos 14 meses e os fatores relevantes para os resultados.


Tabela 1.
Dados sobre o confinamento das bezerras

Fonte: BSB Agropecuária/elaborado pelo autor


Tabela 2.
Cronograma da estação de monta e resultados de prenhez em 83 dias de estação de monta.
Fonte: BSB Agropecuária/elaborado pelo autor


Tabela 3.
Prenhez de acordo com o mês de nascimento e desempenho ponderal.

Fonte: BSB Agropecuária/elaborado pelo autor


Com as informações da tabela 3 conseguimos extrair as seguintes informações e algumas sugestões:


1)    Conseguiu-se ultrapassar a meta de prenhez de novilhas de 14 meses que é de 67%. Pois, consideramos uma perda entre o diagnóstico de gestação e a desmama de cerca de 10 pontos percentuais. Assim, do total de fêmeas desmamadas e prenhes aos 14 meses teremos 57% de bezerros desmamados por elas. Quantidade suficiente para repor as matrizes vazias em um rebanho com 75% de índice de desmama.


2)    Organizar a estação de monta para que não ocorram nascimentos em dezembro. As bezerras que nasceram neste mês tiveram 53% de prenhez.


3)    Os pesos mínimos para emprenhar as bezerras aos 14 meses foram 180kg à desmama e 293kg aos 10 meses para as que nasceram em dezembro. As que emprenharam tiveram que ganhar 0,911 kg/dia após a desmama. As vazias ganharam 0,854 kg/dia após a desmama, 7% a menos. O ganho de peso durante a estação de monta foi de cerca de 0,300 kg/dia e não teve efeito sobre a prenhez.


4)    Ao final da estação de monta as fêmeas vazias estavam com 338kg, ou seja, peso suficiente para abate e cobrir os custos por não emprenharem aos 14 meses.


Na tabela 4, apresentamos as informações sobre a prenhez em função do touro, pai das bezerras e também apresentando o desempenho ponderal das prenhes e vazias filhas de cada touro. Por questões éticas e estatísticas, não divulgamos os nomes dos touros:


Tabela 4.
Prenhez em função do touro, pai das bezerras e informações sobre os desempenhos ponderais.
Fonte: BSB Agropecuária/elaborado pelo autor


A tabela 4 nos fornece informações para que possamos inferir algumas conclusões:


1)    Os touros com piores índices de prenhez tiveram as piores médias de peso a desmama. Abaixo de 201kg. Desmamar acima de 210kg foi uma boa referência para o aumento da prenhez aos 14 meses.


2)    As fêmeas que mais emprenharam aos 14 meses, em média apresentaram peso acima de 315kg antes do início do protocolo de IATF. Ganhar pelo menos 0,875kg/dia após desmamar com 210kg garantiu o peso para ter mais prenhez aos 14 meses.


3)    As filhas do touro I apresentaram 80% de prenhez apesar de apresentarem o pior ganho pós desmama, 0,841 kg/dia e serem as mais numerosas do rebanho. Mas como desmamaram em média com 210kg, as que emprenharam apresentaram 315kg de peso médio antes do início do protocolo. Portanto, a genética é, também, um componente importante na precocidade sexual de um rebanho.


Gostaríamos, de ressaltar que as informações nos mostram o potencial genético e produtivo do Nelore, e que a combinação bem executada destes fatores viabiliza o investimento em nutrição para tornar um passivo = estoque de fêmeas improdutivas, em um ativo de qualidade = vacas paridas aos 24 meses, alterando drasticamente o patamar de produtividade e consequentemente de rentabilidade da atividade de cria de uma fazenda.


Salientamos que não é o intuito apresentar uma receita para emprenhar novilhas aos 14 meses, mas mostrar referências em função de resultados alcançados por uma empresa que ajustou o seu sistema para atingir seus objetivos, em função de uma meta orientada para o aumento da lucratividade do seu negócio.


Acredito que esta deva ser a filosofia do bom selecionador, ser um pecuarista altamente lucrativo e contribuir com a pecuária nacional, identificando a melhor genética e comercializando somente o que é realmente, melhorador. Não para os outros, mas, principalmente para ele mesmo.


Grande abraço e Inté!


 


Coautoria:


José Abel e Silva Junior:


José Abel e Silva Junior, médico veterinário graduado pela Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás e gerente da BSB Agropecuária, Jussara–GO.