O mercado de reposição de bovinos enfrenta um ciclo de baixa neste ano. Todas as categorias tiveram queda nos preços no primeiro trimestre. Por conta disso, analistas recomendam aproveitar o momento para a compra de animais.
Nos primeiros três meses do ano, o boi magro de 12 arrobas, por exemplo, teve redução de preço de 3%. Já o valor do garrote de nove arrobas caiu 1,3%, enquanto o bezerro desmamado teve desvalorização de 2,5%. Para Breno de Lima, analista da Scot Consultoria, os criadores ainda têm respaldo da pastagem nesta época, conseguindo segurar os animais no pasto. No entanto, com a perda dessa capacidade de suporte, os negócios podem ser acelerados, elevando os preços dos animais.
“Também vale lembrar que nós estamos entrando em um período em que o volume de bezerros desmamados é maior no mercado; a partir de abril, maio e junho, há uma concentração dessa oferta. Com o pasto perdendo a capacidade de suporte, a gente pode sim ter pressão sobre o preço do bezerro”, avalia Lima.
Diante desse cenário de preços baixos, analistas recomendam que recriadores e invernistas aproveitem o momento para comprar animais de reposição, já que, em sistemas intensivos de engorda, o boi magro representa cerca de 70% do custo total da atividade.
O pecuarista paulista Rafael Costa quer confinar 6.500 bovinos nestes anos. Ele comprou mil bois magros nas duas últimas semanas. Segundo ele, a aquisição dos animais é o ponto mais importante para conseguir rentabilidade no processo. E momento seria oportuno para realizar as compras. “Está uma época interessante de comprar o boi magro, visto que é um ano de eleição, de Copa, pode ser que tenha mais consumo de carne, mais investimento entrando no Brasil, e a tendência é que a arroba do boi no segundo semestre se mantenha estável, com projeção de alta”, diz Costa.
O analista da Scot sustenta que este é um ano em que o pecuarista deve aproveitar oportunidades. Segundo ele, a partir de 2019, há uma tendência de o valor o bezerro subir, em razão do maior abate de fêmeas neste ano. “Comprando o bezerro agora e terminando ele daqui a dois anos, com mercado mais estruturado, é sim uma boa oportunidade de ter bons resultados no futuro”, diz Lima.
Quem comercializa bezerro vai precisar ter paciência, pois a estimativa é que os preços reajam apenas em 2020. Diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres estima que os preços reajam apenas em 2020. Ele diz que a participação no abate de matrizes no abate de bovinos aumentou porque ficou desinteressante criar e vender bezerros, caracterizando o ciclo de baixa de preços.
“Nós imaginamos que, se o mercado se comportar como no último ciclo, nós vamos ter uma reação, ou seja, esse abate de matrizes vai provocar uma melhora no preço dos animais de reposição a partir do final de 2019 e, com certeza, em 2020”, afirma Torres.
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