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Devo torcer para o Brasil ou para arroba em 2018?

por Douglas Coelho
Quinta-feira, 14 de junho de 2018 -17h45


A greve dos caminhoneiros teve impacto em cada elo da economia. No mercado do boi gordo não foi diferente. É possível dizer que ainda estamos vivendo um processo de normalização dos fundamentos.


Pelo lado da demanda de carne, no início deste mês no mercado doméstico, as cotações no atacado ganharam uma firmeza atípica frente à renda disponível (curta) da população. No entanto, desde meados do mês, o preço da carcaça no atacado tem recuado, saindo de R$9,95/kg para os atuais R$9,65/kg.


Olhando para o mercado externo, o volume embarcado nos seis primeiros dias úteis foi de 16,2 mil toneladas, bem baixo, por sinal, e que tem correlação com a dificuldade do transporte na virada do mês.


Essa combinação de fatores distorceu a relação boi gordo x carne no atacado. Note na figura 1.


Figura 1.


Diferencial boi gordo e carcaça bovina no atacado.



Fonte: Radar Investimentos / Cepea


Esse diferencial está acima de mar/17 e mai/17, quando ocorreram a “Carne Fraca” e a “Delação dos Irmãos Batista”.


É natural que a indústria tente defender suas margens após um período conturbado como tivemos na greve. O ponto é que esta distorção chama atenção e tende a ser corrigida em curto prazo, seja com a chegada mais nítida da entressafra combinada com um primeiro giro de confinamento tímido ou com a continuação dos recuos da carne no atacado.


Com possíveis correções, incerteza eleitoral e a economia patinando, uma parte dos produtores já conseguiu fixar a arroba para out/18 com custos relativamente atrativos no início desta semana, aproveitando o galeio de alta do mercado futuro. Estes vão torcer apenas para o Brasil na copa em 2018, pois o risco de preços da produção do segundo giro já foi sanado.