A Revista DBO foi ao Encontro Anual de Analistas registrar os principais pontos da Prosa Quente sobre mercado pecuário que se desenrolou no evento. Os analistas participantes foram unânimes em se posicionar com cautela em relação ao rumo dado ao País pelo novo governo, respeitando o atual momento de transição e algumas incógnitas sobre os planos futuros conduzidos pela nova equipe ministerial. Porém, de maneira geral, demostraram estar mais otimistas do que pessimistas em relação ao comportamento da economia brasileira nos primeiros meses da gestão Bolsonaro. Veja a seguir alguns trechos desse debate.
Alcides Torres (Scot) – O abate de fêmeas aumentou em 2017, devendo resultar em maior oferta de bezerros em 2019. Podemos esperar maior retenção de ventres no próximo ano?
Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria – Sim, é possível enxergar um movimento inicial de redução de oferta de fêmeas para abate, considerando-se o comportamento mais positivo do mercado de reposição ao longo deste segundo semestre. Acredito em uma reversão imediata dessa tendência, com retenção de fêmeas já partir do primeiro semestre 2019.
Leandro Bovo, sócio diretor da Radar Investimentos – O crescimento de projetos de carne de qualidade no Brasil, a partir de novilhas, não poderia atrapalhar um pouco essa tendência, mantendo o abate de fêmeas alto em 2019?
Luciano Pascon, presidente executivo do Grupo Frigol – Em nossa empresa, vimos que esse abate cresceu 2%, entre 2017 e 2018, chegando a 34% do nosso volume total. Quando começamos a analisar melhor o perfil das fêmeas abatidas, verificamos que são animais mais jovens, frutos de cruzamento industrial, com melhor padrão genético, que resultam em cortes de melhor qualidade, visando atender nichos de carne de qualidade. Portanto, no meu entendimento, a novilha hoje está assumindo o lugar do boi castrado.
Scot – Quais seriam os impactos, negativos ou positivos, na pecuária brasileira em caso de retirada da vacinação contra a febre aftosa a partir de 2019?
Ivan Wedekin, sócio diretor da Wedekin Consultores – A decisão de não vacinar agregaria valor à pecuária brasileira no longo prazo, mas é preciso tomar os cuidados necessários para alcançar esse objetivo.
Sérgio de Zen, professor da Esalq/USP – A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enfrentou o pós-crise do foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul (em 2006) e foi responsável pela montagem de todo o sistema de fiscalização naquele Estado. Tem grande conhecimento sobre o assunto e vai ponderar bem isso.
https://portaldbo.com.br/otimismo-com-as-perspectivas-para-a-pecuaria-em-2019/