Os números mostram que 2018 foi um ano difícil para a atividade leiteira.
A Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao fechamento do ano anterior.
Para este cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico.
Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.
No caso da pecuária leiteira, a rentabilidade média da atividade de alta tecnologia (25 mil litros/ha/ano) caiu pelo segundo ano consecutivo, passando de 2,08% em 2017 para 0,15% em 2018.
Para os sistemas com produtividade média de 1,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia) a rentabilidade foi negativa em 9,45%.
Veja as rentabilidades agropecuárias em 2017 e 2018.
Tabela 1.
Rentabilidades agropecuárias em 2017 e 2018.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Apesar de que no cenário geral, 2018 ter sido um ano de valorização do preço do leite, onde o preço médio pago ao produtor subiu 4,5% frente a 2017 (isto significa uma pequena valorização real se considerarmos a inflação do ano passado, de 3,75%, segundo o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor), o indicador de custo de produção da atividade leiteira também apresentou incremento de 4,5% em relação a 2017.
Ou seja, a margem do produtor foi prejudicada no ano passado, inclusive com prejuízos em diversos casos.
O pior resultado
Para a pecuária leiteira de baixa tecnologia este foi o sétimo ano consecutivo de rentabilidade negativa. Foi o pior resultado dentre as atividades agropecuárias analisadas.
Figura 1.
Evolução das rentabilidades médias da atividade leiteria de alta e baixa tecnologia, em porcentagem.
Fonte: ANBIMA / BC / B3 / FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Expectativas para 2019
Para 2019 o cenário em termos de preços recebidos pelo produtor deverá ser melhor no primeiro semestre, comparativamente com 2018. A aposta está na recuperação da demanda interna em conjunto com um cenário de oferta ajustada.
A expectativa é de continuidade do crescimento do consumo interno, porém, ainda abaixo de antes da crise.
Do lado dos custos de produção as perspectivas são de custos menores. No caso do milho, por exemplo, a maior disponibilidade nesta temporada deve manter o preço do cereal em patamares mais baixos que no ano passado. Também deveremos ter um câmbio pesando menos sobre os preços dos insumos.
Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apresentou melhora em janeiro em relação a dezembro de 2018 (5,1%). Este índice tem melhorado desde março de 2017 nas comparações ano a ano.
Figura 2.
Evolução do Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF).
Fonte: CNC / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Em resumo, a rentabilidade do produtor deverá melhorar este ano, principalmente para os mais tecnificados e que fazem o planejamento no momento da compra dos itens que compõe os custos de produção da atividade.