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Carta Grãos - Mais milho e menos soja nos Estados Unidos em 2019/2020

por Rafael Ribeiro
Sexta-feira, 1 de março de 2019 -16h45


Aconteceu nos dias 21 e 22 de fevereiro o Agricultural Outlook Forum, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês).


O fórum trouxe as primeiras estimativas acerca da safra norte-americana na temporada 2019/2020.


Por ora, é esperado um incremento da área com milho nos Estados Unidos, frente à safra passada, e uma redução da área semeada com soja.


O USDA estima 37,23 milhões de hectares a serem semeados com milho em 2019/2020, um crescimento de 3,2% na comparação com a área semeada em 2018/2019.


No caso da soja, as previsões iniciais apontam para uma redução de 4,7% na área no ciclo atual, frente ao passado. A cultura deverá ocupar 34,39 milhões de hectares em 2019/2020.


A previsão de redução na área plantada com soja é reflexo das incertezas comerciais entre os norte-americanos e chineses, que poderia levar a uma menor demanda pela soja norte-americana este ano, caso um acordo não ocorresse.


Destacamos, que na última semana de fevereiro o presidente norte-americano sinalizou para um possível acordo comercial com a China, o que se ocorrer, reduzirá a demanda pela soja brasileira em 2019.


Reflexos no mercado interno


A colheita da safra brasileira em andamento e o aumento da disponibilidade interna não permitiram altas expressivas nas cotações no primeiro bimestre deste ano, mesmo com as revisões para baixo da produção projetada.


Em resumo, os preços caíram em janeiro e primeira quinzena de fevereiro, em função da maior oferta, do câmbio calmo comparativamente com o mesmo período do ano passado e, das incertezas com relação à demanda chinesa pelo produto brasileiro nesta temporada.


Somente na segunda metade do mês o mercado ganhou sustentação, com o aumento da exportação.


Em Paranaguá-PR, a saca de 60kg está cotada em R$79,50 (26/2), uma alta de 6,7% em relação a fevereiro do ano passado.


Lembrando que na temporada passada, as cotações começaram a subir com mais força a partir de março, até atingirem R$95,00 por saca em setembro. Para esse ano, a expectativa é de uma menor amplitude na variação e menor preço para o grão.


Figura 1.
Preços da soja grão em Paranaguá-PR, em R$ por saca de 60 quilos.

Fonte: Scot Consultoria


Em curto prazo, a expectativa é de mercado andando de lado e, quedas pontuais não estão descartadas (período de safra na América do Sul).


Outro ponto importante é que se os Estados Unidos chegarem a um acordo comercial com a China, poderia reduzir a demanda pela soja brasileira nesta temporada.


A expectativa é de que o Brasil exporte 71,50 milhões de toneladas, frente ao recorde no ano passado que foi de 83,60 milhões de toneladas (Conab).


De qualquer forma, atenção ao câmbio e ao avanço da colheita no Brasil, que são os fatores determinantes para os preços em curto e médio prazos.


A expectativa é de que os preços reajam no mercado brasileiro a partir de maio/junho com a entressafra nos Estados Unidos e estoques reduzidos no Brasil, conforme avançam os embarques no primeiro semestre.


Por fim, a expectativa de redução da área semeada com soja nos Estados Unidos na temporada 2019/2020 é outro fator de sustentação das cotações em médio e longo prazos.