O Ministério da Agricultura tomou uma decisão acertada ao suspender temporariamente, a partir do dia 31 de maio, as exportações de carne bovina para a China, disse ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. Para ele, a medida é "uma prova de boa vontade e acerto" da pasta na conduta relativa aos procedimentos que devem ser tomados em relação à encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou mal da vaca louca. Além disso, cumpre exigência dentro do acordo sanitário assinado pelos dois países. "O país de origem do problema deve suspender as exportações até que a situação seja esclarecida", explica o consultor. "É uma atitude normal e até esperada. Demonstra que nosso sistema de inspeção sanitária está funcionando e sendo extremamente rigoroso."
No dia 31 de maio, o Ministério da Agricultura confirmou o caso atípico de EEB em um bovino de Mato Grosso, comunicando oficialmente o fato à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Ainda naquele dia, enviou documento aos frigoríficos brasileiros habilitados a exportar para a China comunicando a suspensão temporária dos embarques da proteína animal.
Em termos de mercado, entretanto, Torres adverte que não se trata de uma notícia tão boa. "O caso de EEB surgiu há poucos dias e, a partir daí, o que os países importadores podem fazer? Puxar o freio de mão", diz. "Não sabemos, ainda, quais serão os desdobramentos mercadológicos disso. Há, também, a possibilidade de mercados que estavam para se abrir adiarem a abertura, como a Indonésia."
O consultor acredita, porém, que o embargo temporário seja resolvido rapidamente, pois a China passa por um momento delicado com a peste suína africana (PSA), que vem dizimando plantéis de suínos na Ásia e obrigando o país a importar mais proteína animal para alimentar a população. "Quero crer que será resolvido rápido", reforçou, e acrescentou: "Como se trata de um caso atípico de EEB no Brasil e com a necessidade chinesa por carne, vou ser otimista."
Quanto à possibilidade de grandes frigoríficos direcionarem suas exportações para a China a partir de unidades instaladas em outros países, Alcides Torres diz que é possível, mas que há restrições. "Precisa ver se as plantas instaladas em outros países já produzem os cortes bovinos que a China compra, o que nem sempre acontece", continua. Ele esclarece, por exemplo, que o país asiático não adquire bovinos com mais de 2 anos de idade e isso tem de ser respeitado por qualquer frigorífico que queira exportar para lá.
* A China adquire carne bovina brasileira de bovinos com até 30 meses.