O eventual fechamento temporário de frigoríficos de bovinos no Brasil em função dos casos de contaminação por coronavírus entre funcionários não teria efeito prejudicial à cadeia produtiva como um todo, avaliou o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.
Em live promovida pela consultoria na quarta-feira (27/5), Torres disse que a cadeia pecuária no Brasil "é muito pulverizada" e "convive há tempos" com eventuais aberturas e fechamentos de plantas, sem que isso afete sobremaneira todo o processo produtivo e desequilibre o fornecimento nacional de carne.
"Logicamente, há efeitos regionais, onde a situação pode ser dramática, mas nacionalmente afeta pouco", disse ele, acrescentando, ainda, que há regiões nas quais se um frigorífico fechar, outro acaba atendendo à demanda.
O consultor disse que situação diferente ocorre nos Estados Unidos, onde as plantas têm grande capacidade diária de abates, "cerca de seis vezes as maiores plantas frigoríficas do Brasil". Torres ainda disse ter informação que os frigoríficos brasileiros têm tomado todos os cuidados para evitar contaminações, "embora sempre haja esse risco".
Mercado do boi
Enquanto isso, os preços da arroba do boi gordo têm sido sustentados pelo mercado externo aquecido e pela oferta restrita de animais prontos para o abate neste período de entressafra, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).
O indicador do boi gordo Cepea/B3 (Estado de São Paulo, à vista) fechou a R$ 206,65 na quarta-feira (27/5), elevação de 3,42% entre 30 de abril e 27 de maio. Quanto às exportações, segundo dados preliminares da Secex, até a terceira semana de maio já haviam sido embarcadas 114,07 mil toneladas de carne bovina in natura.
Diante disso, possivelmente, as exportações totais deste mês devem atingir novamente um recorde, informou o Cepea. Até este momento, quando considerados os meses de maio, o volume atual está abaixo somente do total embarcado em 2007, de 138,23 mil toneladas.