Nos últimos anos, em diversos deles, os preços da arroba do boi gordo e do leite variaram abaixo da inflação e dos custos de produção da pecuária.
Na figura 1 apresentamos uma comparação da (Índice Geral de Preços, da Fundação Getúlio Vargas – FGV).
A análise considera agosto de 1994 como base 100. Nesse período, a arroba do boi subiu 752,2%, bem abaixo da alta de 1.053,7% nos custos de produção e pouco acima da inflação de 672,8%.
No caso da pecuária leiteira, nas últimas décadas foram raros os momentos em que os preços médios do leite pago ao produtor superaram a inflação.
Figura 1. Boi gordo e leite versus custos de produção e inflação (IGP-DI). Base 100=agosto de 1994.
Fonte: FGV / Scot Consultoria
Os baixos ganhos reais sobre o valor de venda da produção e os custos maiores implicam em uma pressão sobre as margens da atividade e, consequentemente, uma necessidade de aumento da produtividade do sistema.
Na pecuária, esse ganho se dá por meio do uso de tecnologias nas áreas de nutrição, genética, sanidade e gestão, visando melhorias dos índices zootécnicos da propriedade e a intensificação da produção. Ao intensificar, o resultado direto é o aumento da venda de arrobas ou do volume de leite produzido, com acréscimo da receita.
Além de aumentar a venda, há redução de custos indiretos e fixos. Produzindo mais, são mais arrobas ou leite para diluir os custos fixos, que são as depreciações de maquinário, benfeitorias, dentre outros.
Para os investimentos, o pecuarista precisará fazer um desembolso inicial, além do aumento do capital de giro, por isso, precisa ser feita a avaliação do retorno e o planejamento em longo prazo.
Cabe a ressalva de que cada tecnologia deve ser avaliada e que nem sempre o ótimo produtivo é o ótimo econômico. No entanto, em linhas gerais, para a realidade média brasileira, há muito o que intensificar na pecuária de corte e leite.
A intensificação da produção impacta diretamente nos resultados econômicos da atividade pecuária.
A Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias. Para este cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico
Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.
Na tabela 1, são apresentadas as rentabilidades médias da pecuária de corte e leite em 2018 e 2019. Observe que os sistemas de produção com aplicação crescente de tecnologia apresentaram os melhores resultados comparativamente com os de baixa tecnologia.
A situação é mais grave na pecuária de leite de baixa tecnologia, com rentabilidades negativas próximas de dois dígitos nos últimos anos. Destacamos, porém, que os sistemas mais tecnificados, mesmo em anos ruins para a atividade leiteira, como foram 2018 e 2019, os resultados ao menos se mantiveram no azul.
Tabela 1. Rentabilidades médias.
Fonte: Scot Consultoria
Os resultados (rentabilidades) tratam de valores médios, portanto, podem variar para cima ou para baixo dependendo de cada sistema de produção.
De qualquer forma, o objetivo deste artigo é mostrar o impacto do uso de tecnologias no bolso do pecuarista, que, com o aumento da produtividade, resultam na terminação de bovinos mais jovens, melhor acabamento de carcaça, aumentando o giro da fazenda, além da possibilidade de ágio no preço da arroba na venda para frigoríficos habilitados a exportar para o mercado chinês, por exemplo. Atualmente, esse ágio gira entre R$5,00 e R$10,00 por arroba em relação ao gado para o mercado doméstico.
No caso do leite, nos sistemas mais produtivos, além do maior volume por área, um produto de qualidade garante ao produtor bonificações no pagamento, que giram entre 15% e 30% em relação ao leite padrão.
Originalmente publicado em www.nutrimosaic.com.br