A coleta de dados de uma fazenda é importante para que o produtor conheça, profundamente, a situação da propriedade. Alguns desses dados são os índices zootécnicos.
Conhecendo esses indicadores, o produtor consegue visualizar e controlar eficientemente o desempenho da propriedade, melhorando a qualidade das decisões.
Alguns dos principais índices zootécnicos são: índice de fertilidade, índice de natalidade, taxa de desmame, índice de mortalidade e taxa de desfrute. Hoje abordaremos esse último indicador.
A taxa de desfrute, resumidamente, é um indicador de eficiência. A taxa indica quanto o produtor produziu em relação ao que ele tinha, ou seja, a produção do seu rebanho (em cabeças ou arrobas) em um determinado tempo em relação ao rebanho inicial.
Fatores como raça, mortalidade, natalidade, idade de abate, taxa de prenhez etc., interferem na taxa de desfrute.
A taxa de desfrute apresenta cinco fatores, que são: Estoque final (EF), Estoque inicial (EI), Compras (C), Vendas (V) e Produção do rebanho (PD).
O Estoque final (EF) menos o Estoque inicial (EI), subtraídas Compras (C), somadas Vendas (V) nos dá a Produção do rebanho (PD) que, por sua vez, dividida pelo Estoque inicial (EI) nos dá a Taxa de desfrute (TD)
EF – EI – C + V = PD
PD / EI = TD
Podemos calcular esse índice em arrobas ou cabeças.
Vamos imaginar um pecuarista que trabalhe exclusivamente com recria e engorda.
No início do ano ele tinha 1 mil cabeças, entre garrotes e bois magros (peso médio 13@), comprou 300 cabeças de boi magro de mesmo peso médio e 500 bezerros (peso médio 9@) de janeiro a dezembro, porém vendeu 800 cabeças de 18@ de peso médio, também no período de janeiro a dezembro, resultando 1 mil cabeças de 12@ de peso médio, no rebanho final.
Aplicando a fórmula da taxa de desfrute (TD), em arrobas, temos:
TD = [(12.000 – 13.000 – 8.400 + 14.400) / 13.000] x 100 = 38,5%
Portanto a taxa de desfrute dessa propriedade é de 38,5%
A estimativa do tamanho do rebanho brasileiro é de 214,4 milhões de cabeças (IBGE² -2019).
No mesmo ano, a taxa de desfrute brasileira foi estimada em 18,9%, expressivamente menor em comparação com os países concorrentes no mercado global de carne bovina (figura1).
Figura 1. Taxa de desfrute dos países concorrentes
Fonte: USDA³/IBGE/elaborado Scot Consultoria
A taxa de desfrute ideal difere entre os diferentes sistemas de produção da pecuária. A taxa de desfrute para cria, recria/engorda e ciclo completo é diferente.
Uma taxa de desfrute considerada boa para uma fazenda de cria está acima de 35%, enquanto a de recria/engorda acima de 55%, e ciclo completo acima de 45% (Inttegra1).
Importante reiterar que somente esse índice não diz ao pecuarista quais decisões tomar. O acompanhamento de outros índices zootécnicos auxilia o produtor na decisão de como lidar com o negócio de maneira eficiente.
O Brasil tem potencial para melhorar a produção de carne bovina. Apesar do rebanho nacional ser 2,3 vezes maior que o rebanho norte americano, por exemplo, abatemos o mesmo número de cabeças por ano, 40,6 milhões do lado brasileiro frente a 34,3 milhões de cabeças do lado norte americano. (USDA³).
Bibliografia consultada
1 Instituto de Terra de Métricas Agropecuárias
² Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
³ Departamento de Agricultura dos Estados Unidos