Entre setembro e outubro os números das exportações de carne bovina e suína apontavam para recordes em 2020.
Na primeira semana de janeiro de 2021, a Secretaria de Comércio Exterior¹ (Secex) trouxe os números relacionados a dezembro de 2020, consolidando os números da exportação.
Definitivamente, 2020 foi o ano das exportações e o mercado chinês foi o grande consumidor de nossa produção (figura 1).
Figura 1. Mapa de calor do destino das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de aves, em percentagem, de acordo com o destino.
Fonte: Secex. Elaborado pela Scot Consultoria
Ao considerarmos China e Hong Kong, o volume total de carne bovina, suína e de aves exportado para esses destinos cresceu 31,8% e 31,6% em faturamento, respectivamente, em relação a 2019 (tabela 1 e tabela 2).
Mas, além desse mercado, há outros mercados que merecem destaque? Qual foi o balanço em comparação a 2019?
Tabela 1. Volume (milhões de toneladas) e participação dos dez maiores destinos das exportações brasileiras em 2020 e 2019 de carne suína, bovina e de aves.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria.
Tabela 2. Faturamento (milhões de dólares) e participação dos dez maiores destinos das exportações brasileiras em 2020 e 2019 de carne suína, bovina e de aves.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria.
Em 2020, o mercado chinês marcou o cenário das exportações brasileiras. Acompanhe nas tabelas 3, 4 e 5 a comparação entre as exportações, por países, entre 2020 e 2019, para a carne bovina, carne suína e carne de aves.
Tabela 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura, processada e industrializada, em milhões de toneladas, por país de destino e variação entre 2019 e 2020.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria.
As exportações de carne bovina para a China sofreram um incremento de 74,5% em volume, ocupando a primeira posição, e o mercado norte americano, com incremento de 53,8%, superando os embarques destinados aos Emirados Árabes Unidos e Rússia, fortes importadores do produto brasileiro em 2019, cuja retração em 2020, foi de 45,3% e 15,4%, respectivamente.
Tabela 4. Exportações brasileiras de carne de aves in natura, em milhões de toneladas, por país de destino e variação entre 2020 e 2019.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria.
O crescimento da exportação de carne de aves foi comedido em relação ao mercado chinês. Cabe destacar que a China foi o único destino cuja participação aumentou considerando os cinco principais destinos, com um avanço de 13,9% em relação a 2019.
Apesar da retração dos demais principais importadores, há de se destacar a diversificação dos destinos, com países como Cingapura, Rússia, Jordânia e Egito, crescendo 26,1%, 28,4%, 17,6% e 13,2%, respectivamente, subindo de posição entre os vinte principais destinos.
Tabela 5. Principais destinos das exportações brasileiras de carne suína in natura, em milhões de toneladas, por país de destino e variação entre 2020 e 2019.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria.
As exportações de carne suína in natura foram impulsionadas pelos chineses, que praticamente dobraram o volume importado em 2020.
É importante destacar que outros mercados também cresceram, como Cingapura e Vietnã, que passaram a figurar entre os cinco principais destinos do produto (tabela 5).
O mercado chinês teve forte participação nas exportações de carnes brasileiras nos últimos três anos, impulsionada principalmente pela crise sanitária causada pela peste suína africana, que ainda acomete o país.
Porém, a recomposição do plantel suíno e o aumento da produção de carne de frango na China trarão impactos.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê um aumento do rebanho suíno chinês em 2021, com redução das importações, em comparação com 2020, mesmo cenário para a carne de aves (tabela 6).
Apesar dessa ressalva, os volumes exportados em 2021 deverão ser superiores aos observados antes do surto de peste suína.
Tabela 6. Importação e produção de carne bovina, de frango e de suínos vivos na China de 2017 a 2021*.
Fonte: Secex, compilado pela Scot Consultoria
*Tonelada equivalente carcaça.
**Previsão USDA
A China é um importante parceiro comercial e responsável pela firmeza e crescimento das exportações brasileiras, permitindo recordes de desempenho.
O que preocupa é a concentração num só destino e esforços devem ser feitos para a pulverização do mercado, mesmo porque um comprador como a China não se substitui com facilidade.
Referências
Secretaria do Comércio Exterior – SECEX.
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA.
Scot Consultoria