O quadro positivo para a agropecuária em 2020 estimulou a procura por terras para expansão da produção.
Além disso, a taxa básica de juros baixa, a incerteza econômica/política e o pior resultado em investimentos no mercado financeiro têm atraído investimentos em ativos físicos.
Nesse cenário, o mercado imobiliário rural vem se destacando, atraindo também capital estrangeiro. Há interesse em terras, a especulação aumentou e o volume de negócios não acompanhou esse estímulo.
Em síntese, apesar da retração econômica que o país enfrenta, o bom desempenho das commodities agrícolas, em conjunto com a maior atratividade para o investimento em terras, refletiram em aumento de preço em diversas regiões do Brasil, principalmente naquelas com maior capacidade para produção agrícola.
Nos três estados citados na figura 1 (PA, MG, MT), representando as importantes regiões produtoras de gado, os arrendamentos de pasto estão ocorrendo em torno de R$25,00 a R$40,00 por cabeça por mês, para animais em fase de recria. Para vacas paridas e animais em terminação os preços podem chegar a R$60,00 por cabeça por mês, em propriedades com boa estrutura para manejo.
Figura 1. Preços médios do boi gordo, no eixo da direita, e valores médios de arrendamento no PA, MG e MT (R$/cab/mês), no eixo da esquerda.
Fonte: Scot Consultoria
*parcial até fevereiro/21
Comparando 2021 com 2015, os preços para arrendamento, em valores nominais, subiram 67,9%. A correlação com as cotações do boi gordo é forte (0,94), portanto tem impacto direto nos contratos de arrendamento.
Outro fator de influência é a disponibilidade de áreas para a pecuária, visto que a produção de grãos e fibras tem avançado em áreas de pastagem. No Pará (região Norte), por exemplo, a área plantada com soja na safra 20/21 aumentou 41,6% em relação à safra 15/16, alcançando um total de 607,4 mil hectares (CONAB).
Nos estados listados na figura 2, o arrendamento de terras consolidadas com agricultura está em torno de 15 a 22 sacas/ha. Em áreas com maior potencial produtivo esse valor pode ultrapassar 25 sacas/ha. Em Maracaju-MS, maior produtor de soja do estado, ocorrem arrendamentos de até 30 sacas/ha, em áreas com histórico de alta produtividade.
Como nas áreas de pastagem, os valores dos contratos de arrendamento estão fortemente correlacionados com a evolução nos preços da commodity (0,89), fato que concorda com a figura 2.
Figura 2. Preços nominais médios da saca de soja em Paranaguá-PR, no eixo da direita, e valores médios de arrendamento (sacas/ha), no eixo da esquerda.
Fonte: Scot Consultoria
*parcial até fevereiro/21
A atratividade do setor agropecuário tem estimulado a procura por terras para investimento, porém, a oferta de áreas com bom potencial produtivo vem diminuindo. Dessa forma, parte dos investimentos tem migrado para regiões antes consideradas marginais, e uma outra parte tem aumentado os aportes em tecnologia, com a finalidade de melhorar a produtividade.
Os preços de arredamento devem continuar atrelados aos mercados de commodities, mas conectados também ao interesse de investimentos em regiões com potencial agrícola, como forma de produzir alimentos em longo prazo.