A colheita da soja (2020/2021) está na reta final. Em média, nos quatro estados que correspondem a 66% da produção nacional (GO, MT, PR e RS), a área colhida ultrapassa os 81%.
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que sejam produzidas 135,54 milhões de toneladas na safra atual, 8,6% a mais do que no ciclo anterior.
Do total produzido, 47 milhões de toneladas deverão ser processadas para a produção de óleo e farelo, o que deverá resultar em 35,92 milhões de toneladas de farelo de soja (Abiove).
Estima-se que aproximadamente 48,4% do farelo de soja produzido seja negociado no mercado interno.
O esmagamento de soja ganha força a partir de fevereiro, com o avanço da colheita e maior disponibilidade do grão. Porém, as adversidades climáticas resultaram em atrasos no plantio e, recentemente, na colheita, influenciando também no volume de grão processado nos primeiros meses do ano.
Em janeiro e fevereiro, o volume de soja processada caiu 25,6% e 24,1%, respectivamente, em relação aos mesmos meses do ano passado.
A evolução dos volumes médios mensais de soja processada ao longo do ano, com base em um histórico desde 2016, está apresentada graficamente na figura 1. Os meses de março a julho costumam ser os de maior processamento e, consequentemente, de maior oferta de farelo de soja.
Figura 1. Evolução do processamento de soja no Brasil, volumes médios mensais de 2016 a 2020, e volume processado em 2021, em mil toneladas.
Fonte: Abiove / Elaborado pela Scot Consultoria
Para os pecuaristas que trabalham em sistemas intensivos, confinamento ou semiconfinamento, onde há grande dependência por insumos, é importante estar atento às oportunidades para a compra do farelo de soja, já que nos períodos de maior disponibilidade há maior pressão de baixa sobre as cotações.
Na figura 2, podemos observar a dinâmica dos preços médios do farelo de soja, mês a mês, de 2009 a 2020. Historicamente, o primeiro semestre é de preços menores.
Figura 2. Preços do farelo de soja em São Paulo, médias mensais desde 2010, em R$ por tonelada, sem o frete.
Fonte: Scot Consultoria
A produção de farelo de soja deverá manter-se praticamente constante (-0,3%) na safra atual, frente à passada (Abiove).
Do lado da demanda, a projeção para as exportações é de crescimento de 1,0%, frente a 2020. Já para o consumo doméstico, a expectativa é de queda de 8,2%, resultado da forte elevação nos preços, que acaba estimulando a procura por alimentos proteicos alternativos.
As cotações caíram nas primeiras semanas de abril, como esperado, devido à maior disponibilidade e preços mais frouxos no mercado internacional no final de março e começo de abril.
Porém, recentemente, os preços ganharam sustentação no mercado externo, em função da demanda firme do mercado chinês, o que poderá impactar nos preços do insumo no mercado brasileiro.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, na primeira quinzena de abril, em São Paulo, a cotação da tonelada de farelo de soja está 68,9% maior que no mesmo período do ano passado.
No mesmo período, a cotação do boi gordo subiu 60% no estado, fato que ajudou a limitar a queda no poder de compra do pecuarista. Em abril de 2020, eram necessárias 8,31 @ de boi gordo para a compra de uma tonelada de farelo de soja, atualmente, são necessárias 8,80 @, queda de 5,8% na relação de troca.
Em abril, em relação a janeiro, o poder de compra aumentou em 9,9%, caindo de 9,77 @ para 8,80 @ de boi gordo, para a compra de uma tonelada de farelo.
Para o comprador, os próximos meses podem ser de oportunidades para a aquisição do insumo, considerando o maior volume processado no primeiro semestre e ajustes para baixo na produção de aves e suínos no mercado interno.
De qualquer forma é importante o monitoramento da demanda externa e do dólar, que repercutem diretamente nos preços do grão de soja e do farelo de soja, em reais.