Cenário vigente - Safra 20/21
Segundo o 11o. levantamento de acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos (Conab), o ritmo da colheita se intensificou em agosto.
Apesar disso, o percentual colhido não chegou à metade da área semeada, embora a área cultivada este ano seja menor. Com relação à produtividade, a estimativa é de que seja menor que no ciclo anterior.
A menor produtividade e a redução de área semeada, perdendo espaço para o milho, provocarão uma produção aquém da obtida em 2019/20.
A estimativa é que a produção de algodão em caroço seja de 5,75 milhões de toneladas ou 2,34 milhões de toneladas de algodão em pluma (retração de 22% em relação à safra anterior que foi recorde). Vide tabelas 1 e 2.
Tabela 1. Algodão em pluma, área, produtividade e produção nas safras 2019/20 e 2020/21.
Fonte: Conab.
Tabela 2. Algodão em caroço, área, produtividade e produção nas safras 2019/20 e 2020/21.
Fonte: Conab.
Em 2021, apenas em janeiro e em julho, a exportação por mês não foi recorde.
Em julho foram exportadas 61,4 mil toneladas de algodão em bruto, volume 20% menor que em julho de 2020. No acumulado de 2021, porém, 1,18 milhão de toneladas foram embarcadas, volume 29,9% maior que no mesmo período de 2020.
A receita com as vendas externas em julho foi de US$102 milhões, 4,7% menos que no mesmo período de 2020, porém, no acumulado de 2021, o desempenho está 38,4% maior, totalizando US$1,95 bilhão. Os principais compradores são China (24%), Vietnã (18%) e Bangladesh (14%) (Secex).
A queda no desempenho em julho foi causada pelo forte ritmo das vendas externas ao longo do ano e porque não havia significativa quantidade de pluma beneficiada da safra 2020/21 para exportação no mês.
Em agosto, apesar da colheita, o ritmo das exportações está fraco. Até a terceira semana do mês, últimos dados disponíveis, foram embarcadas 29,2 mil toneladas, ou em média, 1,9 mil toneladas por dia, contra 5,1 mil toneladas em agosto/20, queda de 62,1%. Considerando a média atual, a expectativa é de que agosto termine com 41,02 mil toneladas embarcadas (Secex).
Mesmo com o ritmo mais fraco em julho e agosto, a exportação deverá superar as 2 milhões de toneladas no período comercial 2021/22. A estimativa é de que a exportação neste ano seja de 2,1 milhões de toneladas de pluma, 1,2% menor que em 2020 (Conab).
Para o consumo doméstico, a previsão é de 715 mil toneladas, aumento de 19% em relação a 2020.
Tabela 3. Balanço de oferta e demanda para o algodão em pluma, nas últimas sete safras, em mil toneladas.
*Estimativas.
Fonte: Conab.
O Mato Grosso é o principal produtor brasileiro de algodão. Na safra atual, deverá responder por 68,2% da produção nacional.
O clima contribuiu para que a colheita do algodão avançasse ao longo de agosto. Até o dia 28 do mês, 77,7% da área semeada fora colhida (IMEA).
Entre as regiões de Mato Grosso, apenas a nordeste encerrou os trabalhos. A região oeste, maior produtora do estado, apesar do avanço expressivo nas últimas duas semanas (28,95 p.p), é a região mais atrasada, com 68,0% da área colhida (IMEA).
A produção deve cair 23,4% em relação à safra passada, estimada em 1,61 milhão de toneladas de pluma (Conab). Parte dessa queda de produção ocorreu em função do avanço da área destinada à produção de milho segunda safra, que aumentou 7,5% em relação à safra anterior.
A menor disponibilidade, somada às exportações aquecidas sustentaram a cotação no mercado interno.
A referência de preço em agosto, nas praças paulistas, é de R$171,89/@ (27/8), alta de 20,2% no ano e 67,9% em relação a agosto de 2020. Mesmo com o avanço da colheita em importantes praças produtoras, os preços estão firmes. Veja na figura 1.
Figura 1. Cotação média mensal do algodão em pluma, em reais por arroba.
*até 30/8/21.
Fonte: CEPEA / Elaboração: Scot Consultoria.
O cenário de preços firmes no mercado do milho e da soja ao longo do ano puxou a demanda pelos coprodutos da cotonicultura.
Destacamos os preços no Mato Grosso, principal produtor e, consequentemente, referência para os preços no mercado doméstico.
A tonelada do caroço de algodão está cotada, em média, R$1.950,00 sem o frete. Comparado à primeira quinzena de agosto, os preços caíram 3,4%, puxados pelo avanço da colheita e maior disponibilidade. Apesar do cenário mais frouxo, comparado ao mesmo período do ano passado, a cotação está 183,8% maior.
Para o farelo, mesmo com a maior disponibilidade, os preços subiram na segunda quinzena de agosto. O farelo de algodão com 28% de proteína bruta está cotado em média em R$1.771,16/t, sem o frete, aumento de 0,6% em relação à primeira quinzena de agosto e, em doze meses, está 60,3% maior.
Já o farelo de algodão com 38% de PB, cuja cotação média está em R$2.007,86/t, sem o frete, subiu 1,8% frente à primeira quinzena do mês e, em doze meses, subiu 58,3%.
Veja na tabela 4, as variações de preços para os coprodutos da produção de algodão em Mato Grosso.
Tabela 4. Preços médios, em reais por tonelada, para o farelo de algodão 28 e 38% de proteína bruta e caroço de algodão em Mato Grosso, sem o frete.
Fonte: Scot Consultoria.
A menor produção, e as expectativas positivas para as demandas externa e interna, devem manter os preços da pluma de algodão e seus coprodutos firmes em curto e médio prazos.
Para o pecuarista, o cenário é de menor disponibilidade de caroço e de farelo de algodão na atual temporada.
A Conab divulgou em relatório (26/8) as perspectivas para 2021/22, com aumento de 15,8% na produção de algodão, puxado por aumentos de 2,1% e 13,4% na produtividade e área semeada, o que deve melhorar a oferta.
Essa expectativa de melhora na produção está associada aos preços internacionais maiores, o dólar valorizado frente ao real e a rentabilidade da cultura, sendo o avanço na área e produção ainda limitados pela competição com o milho.